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Mato Grosso lidera desmatamento da Amazônia em fevereiro

Mato Grosso lidera desmatamento da Amazônia em fevereiroÁrea destruída equivale a metade da cidade de São Paulo. Foto: Foto: Mário Vilela/Funai

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Por André Garcia

O desmatamento na Amazônia e no Cerrado teve um salto em fevereiro e bateu o recorde para o mês, segundo dados do Deter, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Líder entre os estados mais desmatados da Amazônia, Mato Grosso responde por metade dos 312,9 km² devastados (161,8 km²) no período.

Isso significa um aumento de 105% na comparação com fevereiro de 2022, quando o registro foi 78,5 km², e um crescimento de 131% em relação ao último janeiro (69.44 km²). Os números foram divulgados nesta sexta-feira 10/3 com base nas análises da plataforma, que reúne informações para o combate ao desmate quase em tempo real.

Depois de Mato Grosso, os estados mais desmatados da Amazônia foram Pará (46,4 km²), Amazonas (46,3 km²) e Roraima (31,1 km²).  No caso do Cerrado, a lista com os piores números é encabeçada por Bahia (268,2 km²) e segue com Tocantins (67,5 km²), Piauí (63,2 km²), e Maranhão (51,6 km²).

Na última semana o Gigante 163 já havia noticiado que, com 145 km² afetados por alertas de desmatamento, o Estado concentrava metade dos 291 km² registrados em toda a Amazônia Legal em fevereiro de 2023.

Cerrado, ainda pior

No cerrado a situação foi ainda pior, com números que chegaram a 557,8 km² e alta de 97% em relação a 2020, que tinha o recorde anterior, de 282,8 km². Neste caso, pelo menos, Mato Grosso ocupa a sexta colocação no ranking nacional de desmatadores, com 26,25 km² em área de alertas, 58% a mais que no mesmo período do ano passado (16,55 km²).

Somando os dois biomas, a área destruída chega a quase 880 km², equivalente a mais da metade da cidade de São Paulo (1.521 km²).

Cerrado causa preocupação

O diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Salmona, aponta em entrevista à Folha de S.Paulo que o desmatamento precisa ser analisado como uma linha de tendência, que era de forte alta no Cerrado nos últimos quatro anos. De acordo com ele, a vegetação é removida principalmente para dar lugar a pastagens, para produção de carne e leite, e para a soja.

“Tem todo um ambiente institucional e um contexto econômico que favorecem a manutenção da tendência de crescimento e desmontar isso leva um certo tempo”, diz ele. Hoje em dia o cerrado é quase 50% desmatado, uma área quase do tamanho do Chile. Desse total, mais de 90% são para uso da agropecuária”, disse.

Salmona diz, ainda, que a concentração da destruição na área conhecida Matopiba acontece justamente porque é nessa região que existe a maior porção preservada, enquanto no resto do país a maior parte do bioma já foi desmatada. Além disso, a região abriga espécies endêmicas e formações de ecossistemas que só existem ali.

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