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Tarifa dos EUA deve ter efeito limitado no Centro-Oeste

Tarifa dos EUA deve ter efeito limitado no Centro-OesteMT destina 1,5% de suas exportações ao mercado americano. Foto: Tânia Rego/ Agencia Brasil

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Por André Garcia

Apesar das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o impacto sobre a economia do Centro-Oeste deve ser limitado, uma vez que a pauta de exportações da região é mais diversificada, tanto em produtos quanto em destinos comerciais.

Mas isso não significa que não haverá prejuízos. Segundo levantamento da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), as perdas são estimadas em R$ 1,9 bilhão em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O grupo é classificado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) como de baixo risco frente ao tarifaço.

A avaliação da FGV considera que as exportações da região são concentradas em carnes, grãos e minérios, com presença consolidada em mercados como China, União Europeia e países do Oriente Médio. Esse perfil torna o Centro-Oeste menos vulnerável a medidas unilaterais dos Estados Unidos, como as anunciadas no final de julho.

Mato Grosso, por exemplo, destina apenas 1,5% de suas exportações ao mercado americano. Em Goiás, o percentual é de 3,3%; no Distrito Federal, 2,6%. O contraste com estados como Ceará (44,9%), Espírito Santo (28,6%) e Paraíba (21,6%) evidencia o quanto a região central do país depende menos das relações comerciais com os EUA.

Impacto menor que o esperado

A medida, assinada por Trump no dia 30 de julho deixou quase 700 produtos brasileiros de fora da lista de itens sujeitos à tarifa de 50%, o que reduziu significativamente o alcance prático do tarifaço, contribuindo para que o impacto geral fosse menor do que o inicialmente estimado.

Desta forma, a locomotiva do agronegócio nacional, portanto, demonstra resiliência mesmo em um cenário internacional instável. Ainda assim, o cenário reforça a importância de políticas de diversificação comercial como caminho para reduzir riscos e ampliar oportunidades no mercado global.

Tarifa atinge só parte das exportações brasileiras

Do total das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos, apenas 36% foram efetivamente impactadas pela tarifa de 50% anunciada por Donald Trump. Segundo o colunista José Roberto de Toledo, o prejuízo estimado é de 14 bilhões de dólares — o que representa apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

O dado reforça a percepção de que, mesmo com efeitos pontuais, o impacto geral da medida é limitado. Para o colunista do UOL, José Roberto de Toledo, as tarifas impostas por Trump podem, a médio prazo, ser mais prejudiciais aos próprios Estados Unidos, ao empurrar o Brasil para parcerias com China, União Europeia e países do Oriente Médio.

Segundo ele, o governo americano adota uma lógica imediatista e transacional, que tende a estimular a diversificação comercial brasileira e a reduzir a dependência dos EUA como destino de exportações.

 

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