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Baru, a super castanha do cerrado

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Por Vinicius Marques

Você já ouviu falar do baru? Com cerca de 30% do peso composto por proteínas, a castanha nativa do Cerrado é considerada um superalimento funcional. Ela é rica em vitamina C, ferro, polifenóis, flavonoides e antocianinas. A polpa contém carboidratos, lipídeos, proteína, fibra e cinzas e pode ser adicionada em receitas de pães e bolos para aumentar a qualidade nutricional.

Normalmente o baruzeiro apresenta uma safra produtiva de dois em dois anos, onde cada árvore chega a produzir 150 kg de fruto, cerca de 2.000 a 6.000 unidades por planta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de baru nos Estados de Goiás e Mato Grosso foi de 69,3 toneladas em 2019.

De acordo com o INC (International Nut and Dried Fruit Council), o consumo mundial de castanhas e frutas secas tem crescido 6% ao ano. O país já participa ativamente desse mercado com as castanhas do Pará e de caju (das regiões norte e nordeste), e a castanha do Centro-Oeste já vem conquistando espaço nessa seara. Segundo artigo publicado em 2019 na revista de pesquisas sobre mercados Fact.MR, estima-se que a comercialização das nozes de baru crescerá em torno de 25% nos próximos dez anos.

Além do consumo, a planta oferece diferentes produtos, como aponta uma pesquisa fomentada pela Fapemat que estuda o baru como potencial de utilização para produzir carvão convencional e ativado.

“É uma espécie com presença expressiva no Cerrado e em regiões de transição do Pantanal, com enorme viabilidade econômica, pois sua madeira e ampla utilidade do seu fruto possuem capacidade para agregação de valor e geração de renda tanto com a extração de sua castanha, quanto com a produção de carvão do endocarpo (fruto)”, descreve o coordenador da pesquisa, Lucas Trindade, em uma publicação nos anais do Insituto Federal do Mato Grosso (IFMT).

Devido ao seu potencial econômico, a planta pode ser uma fonte adicional de renda. “É um mercado que tem uma demanda crescente, tanto nacional quanto para exportação”, afirma Fernando Rocha, pesquisador da Embrapa Cerrados. “Hoje já exportamos para países como os Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.”

Sistemas de integração lavoura-pecuária

De acordo com estudos em andamento, o baruzeiro é, além de viável, recomendado para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Segundo o pesquisador da Embrapa, a adição da árvore às produções de grãos é promissora.

“O experimento do ILPF, no momento, está testando diferentes espaçamentos entre os indivíduos [da espécie], já com material selecionado”, contextualiza Rocha. “A nossa ideia é que isso resulte em uma primeira recomendação de sistema integrado para o plantio da castanha”. 

Enquanto não há indicações definidas sobre o uso da espécie ao integrar áreas, especialistas aconselham produtores a plantarem a árvore nativa nos alambrados da fazenda. “Próximo à cerca, a planta projeta sombra para animais e fornece alimento, sem inutilizar uma grande área de cultivo”, explica o pesquisador.

A árvore do baru

O baruzeiro possui uma copa densa e arredondada e seu crescimento é consideravelmente rápido. De acordo com a Central do Cerrado, a árvore pode alcançar mais de 25 metros de altura e seu tronco, até 70 cm de diâmetro. Sua madeira é de alta qualidade e apresenta uma vida útil em torno de 60 anos.

“A primeira frutificação acontece normalmente quando a árvore completa 6 anos”, aponta a Central do Cerrado em seu site. “Normalmente, a floração acontece nos meses de janeiro e fevereiro. Os novos frutos começam a surgir entre março e junho, amadurecendo nos meses de julho a outubro.  A colheita ocorre geralmente após o pico de queda dos frutos maduros.”

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