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Rastreabilidade impulsiona recorde de produção de carne em MT

Rastreabilidade impulsiona recorde de produção de carne em MTPassaporte Verde e Prem impulsionam produto de MT. Foto: Imac

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Por André Garcia

Embalado pela eficiência produtiva, rastreabilidade crescente e fortalecimento das práticas socioambientais, Mato Grosso encerrou novembro com o maior volume de exportação de carne bovina já registrado em sua história. Apenas no mês, foram embarcadas 112,8 mil toneladas, segundo o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac).

O resultado de novembro consolidou um desempenho histórico ao longo de 2025. No acumulado de janeiro a novembro, Mato Grosso exportou 867,7 mil toneladas de carne bovina, volume 23,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, que até então representava o melhor resultado.

“Esses números mostram, mais uma vez, a força da pecuária mato-grossense no cenário internacional. Não se trata apenas de volume: estamos exportando uma carne cada vez mais competitiva, sustentável e alinhada às exigências dos principais mercados do mundo”, ressalta o diretor de Projetos do Imac, Bruno de Jesus Andrade.

Ganhando mercados com a rastreabilidade

Um dos principais instrumentos para isso é o Passaporte Verde, que monitora o desempenho socioambiental do rebanho bovino e estimula a intensificação sustentável. A iniciativa reúne dados que permitem comprovar, de forma objetiva, as práticas adotadas no campo, ampliando a confiança dos principais mercados compradores.

Gado – Foto: Imac

De acordo com o presidente do IMAC, Caio Penido, além do monitoramento, o programa incorpora o Prem — Programa de Reinserção e Monitoramento — que permite que propriedades com passivos de desmatamento ilegal regenerem suas áreas degradadas e retornem à regularidade ambiental.

“O Passaporte Verde mostra que a pecuária pode ser aliada da conservação. Estamos estruturando um dos maiores sistemas de monitoramento socioambiental já feitos no setor, com inclusão produtiva, apoio a regularização ambiental, qualidade, agregação de valor, transparência e chegaremos, com segurança, a rastreabilidade individual”, diz.

Apoio técnico

Não à toa, o IMAC vem reforçando o alinhamento de Mato Grosso às exigências dos mercados junto aos produtores. Neste mês, analistas do instituto percorreram propriedades rurais, para auxiliar produtores sobre o uso correto do sistema de autovistoria exigido durante o processo de recuperação das áreas.

Hélio Fernandes Vasques. Foto: Imac

Um dos pontos destacados é que alertas de desmatamento podem gerar embargos e impedir a venda de animais aos frigoríficos, como já ocorreu com o pecuarista Hélio Fernandes Vasques, que atua há 33 anos em Confresa. Sua fazenda de 117 hectares, faz parte Prem há cerca de dois anos.

“A maioria das pessoas que mora na roça tem os filhos que podem fazer a vistoria, mas nem sempre eles moram junto. Quase todo mundo é velho, tem muita dificuldade, às vezes só falando pelo celular a gente não consegue aprender”, disse o produtor ao destacar a importância do acompanhamento.

China lidera demanda

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o resultado foi impulsionado principalmente pelo aumento expressivo dos embarques para a China, que segue como principal destino e responde por 54,8% de toda a carne bovina exportada pelo estado em 2025.

Em maio, a China comprou o primeiro carregamento de carne bovina brasileira, na história, livre de desmatamentos legais recentes. As carnes era provenientes do Cerrado e da Amazônia.

O país asiático mantém forte demanda por proteína de alta qualidade, o que favorece a competitividade de Mato Grosso. Além da China, mercados como Rússia e Chile ampliaram suas compras ao longo do ano. O movimento reflete, em parte, o ganho de competitividade da carne mato-grossense,

“Quando vemos China, Rússia, Chile e outros mercados ampliando suas compras, isso significa que a carne mato-grossense está ganhando competitividade pela qualidade, pela previsibilidade e pela sustentabilidade do sistema produtivo. Isso abre espaço para avançarmos ainda mais em valorização e diferenciação”, destaca Bruno Andrade.

Desempenho anual

O recorde de novembro coroou um desempenho consistente ao longo do ano. No acumulado de janeiro a novembro, Mato Grosso exportou 867,7 mil toneladas de carne bovina, crescimento de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado, que já havia registrado o melhor resultado até então.

Além de impulsionar o setor produtivo, o desempenho histórico reforça a importância econômica da pecuária para o estado. Em 2025, Mato Grosso movimentou mais de US$ 3 bilhões com exportações de carnes, contribuindo para o superávit da balança comercial brasileira e para a geração de renda ao longo de toda a cadeia.

 

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