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Conheça sete razões para apostar nos bioinsumos

Conheça sete razões para apostar nos bioinsumosLarva de Chrysopidae devora pulgão. Foto: Alessandra de Carvalho/Embrapa Fonte: Agência Senado

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Por André Garcia

A utilização de bioinsumos não é novidade para o produtor de Mato Grosso. Com base no controle biológico e na fixação de nitrogênio no solo, os produtos barateiam a produção garantindo, a partir de tecnologias sustentáveis, eficiência no controle de pragas e na fertilização. Em ascensão, este mercado vem movimentando bilhões de reais e promete ocupar cada vez mais espaço nas lavouras.

Para entender melhor estes benefícios, o Gigante 163 elencou sete vantagens desta proposta junto à bióloga, doutora em Fisiologia e Bioquímica de Plantas Rafaella Felipe e ao engenheiro agrônomo e especialista em Agroecologia e Produção Orgânica da Empaer Rogério Leschewitz.

Independência de insumos químicos

Além de reduzirem os custos de produção, processos como a utilização de insetos predadores em vez de grandes quantidades de pesticidas garantem mais sustentabilidade e menor impacto ambiental. Rafaella resume o conceito.

“É qualquer produto, processo ou tecnologia que tem origem biológica sendo ela animal, vegetal ou microbiana, sejam fungos ou bactérias, para uso na produção, armazenamento ou beneficiamento nos sistemas agrícolas, florestais e aquáticos”, diz.

Redução de custos

Esses insumos podem ser produzidos dentro das propriedades. No ano passado, a Solubio, umas das principais empresas brasileiras ligadas à agricultura com bioinsumos, estimou uma economia mínima de 40%, podendo chegar até a 70% a partir da adoção da prática.

Além disso, é importante lembrar que o Brasil possui centros de pesquisa que se dedicam ao tema, como a Embrapa. Logo, a transmissão de descobertas e tecnologias pode garantir preços ainda mais competitivos.

“Os biofertilizantes, que a agroecologia já fabrica há muito tempo, agora estão entrando com força também na agricultura convencional. Esta é uma grande oportunidade para o produtor”, avalia Rogério.

Sustentável do início ao fim

Devido à baixa toxicidade de todos os processos envolvendo sua produção e armazenamento, os bioinsumos não causam desequilibrios.

“Em comparação com os agrotóxicos, que tem esse grande problema dos resíduos refletido tanto no produto final quanto no meio ambiente, onde ele é despejado, eles são muito melhores”, afirma ele.

Manejo integrado de pragas ou doenças

Esses insumos são também os ativos voltados à nutrição, os promotores de crescimento de plantas, os mitigadores de estresses bióticos e abióticos e os substitutivos de antibióticos.

“Eles auxiliam muito na qualidade do solo, e, consequentemente, no controle de doenças, no enraizamento e no desenvolvimento.  Ou seja, são muito mais saudáveis para a planta”, aponta o engenheiro agrônomo.

Podem ser feitos nas próprias fazendas

Quer um exemplo? Rogério cita um insumo feito à base de bacillus subtilis, bactéria encontrada no esterco bovino.

“O esterco é riquíssimo nesse tipo de bacilos, que controlam várias pragas nematóides e auxiliam no desenvolvimento das culturas. Utilizando as técnicas corretas, é possível multiplicar esse microrganismo na própria fazenda.”

Autonomia para os pequenos

Embora a produção de bioinsumos seja relevante para toda a agricultura brasileira, setores como a agricultura orgânica e a familiar têm especial interesse no assunto. Os motivos são, é claro, a redução na dependência de insumos importados e a ampliação da oferta de matéria-prima.

Para Rafaela, este é um dos pontos fundamentais no debate.

“As grandes propriedades hoje já investiram milhões em laboratórios e profissionais capacitados, mas sabemos que essa é uma realidade de uma pequena parcela de produtores.”

Fortalecimento do mercado local

Até o ano passado, cerca de 70% do potássio utilizado na produção de fertilizantes químicos para a agricultura brasileira era importado, principalmente da Rússia. Enquanto as sanções internacionais impostas ao país após o conflito com a Ucrânia impactam toda a produção agrícola mundial, é possível produzir contando apenas com fornecedores locais.

Cuidados

Seja qual for a forma de produção de um bioinsumo, é obrigatório garantir sua qualidade e eficácia, bem como tomar medidas sanitárias e de boas práticas de fabricação e de uso seguro. Portanto, mesmo diante de todos os benefícios mencionados, tanto Rogério quanto Rafaela destacam que a produção deve respeitar sempre normas de qualidade e os protocolos de segurança microbiológica.

“Há certas bactérias e fungos que apresentam riscos para a lavoura quando não manuseados da forma correta. Ao invés de multiplicar uma bactéria benéfica, você pode multiplicar um patógeno, por exemplo”, diz a bióloga.

Tecnologia como aliada

Frente ao crescimento da demanda por estes produtos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolveu um aplicativo que mostra ao usuário as opções de bioinsumos cadastrados no Catálogo Nacional de Bioinsumos. A tecnologia ajuda fornecedores e usuários de insumos biológicos a encontrar produtos seguros e com procedência. Para baixar, basta clicar AQUI.

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