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Novos bioinsumos ‘revolucionam’ agricultura brasileira, diz presidente da Embrapa

Novos bioinsumos ‘revolucionam’ agricultura brasileira, diz presidente da Embrapa

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Os vários atores que atuam nas diversas cadeias alimentares, mais do que nunca, precisam estar alinhados com a transformação sustentável do nosso planeta. No Brasil, o agronegócio, aos poucos, começa a entender que, para se tornar um setor cada vez mais competitivo, é fundamental adotar boas práticas em favor da ecologia. Nesses novos tempos, o uso de bioinsumos é um aliado poderoso do produtor rural.

Celso Luiz Moretti, presidente da Embrapa, lembrou algumas grandes conquistas recentes dessa parceria, durante sua participação no 10º Sustentável 2021 – Brasil 2050 – Negócio Regenerativos, Inclusivos e Resilientes, nesta quinta-feira, 30/9, realizado pelo Centro Empresarial Brasileiro para o  Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

De acordo com ele, por meio de melhoramento genético, seja por métodos tradicionais ou por transgenia, a empresa está desenvolvendo espécies que serão mais adaptadas à seca e tolerantes a ambientes extremos de água e salinidade.

Moretti afirmou que, após lançar a carne carbono neutro, a Embrapa se prepara para produzir a soja de baixo carbono, o leite de baixo carbono e carbono neutro, além do café e o algodão de baixo carbono.

Ele lembrou o enorme potencial do Brasil de se transformar numa grande nação na produção de bioinsumos. “Esse exército de micro-organismos tem sido estudado pela Embrapa, e estamos desenvolvendo soluções conectadas com a agricultura regenerativa em duas frentes, biofertilizantes e biopesticidas”, disse.

Um dos lançamentos da Embrapa é BiomaPhos, que libera para a planta o fósforo retido no solo. O bioinsumo já foi usado na safra 19/20 em 300 mil hectares, pulando para um milhão e meio de hectares na safra seguinte. “E agora, em 21/22, estimamos que 3,5 milhões de hectares serão plantados no Brasil com esse bioinsumo. Estamos falando de 5% da área produzida com grãos do Brasil”, afirmou.

Mandacaru

Outro bioinsumo importantíssimo para a agricultura brasileira, segundo Moretti, é o Auras, desenvolvido a partir de uma bactéria encontrada na rizosfera do mandacaru.

“Tem tudo a ver com mudança climática, com a crise hídrica. Nossos pesquisadores, observando o mandacaru, descobriram que ele tem uma bactéria que ajuda a passar por seca. Isolamos a bactéria, testamos no milho, na segunda safra, e ano que vem queremos avançar”.

Ainda com foco na agricultura regenerativa, a Embrapa lançou dois biopesticidades revolucionários, nas palavras do presidente da Embrapa, o Acera, para controle da lagarta falsa medideira na soja e algodão; e o Spodovir para combater a lagarta-do-cartucho, praga que pode dizimar plantio de milho.

“A tecnologia desenvolvida pela Embrapa vai continuar alimentando 800 milhões de pessoas ou mais que já alimenta hoje e exportando para mais 200 países. E tudo isso de forma competitiva sustentável e responsável por meio da descarbonização sistemática dos sistemas alimentares”.

Sistema financeiro

A área financeira tem papel preponderante para a transformação sustentável dos sistemas alimentares. Para isso, é preciso a atitude política de exigir ações efetivas de clientes, o compromisso em relação à biodiversidade e financiamentos em que indicadores do clima sejam determinantes na avaliação de liberação de créditos.

Isso é, em resumo, o que pensa Ricardo Guimarães, CEO do BNP Paribas, sobre como os bancos, ou sistema financeiro como um todo, podem atuar nessa transição. Ele também participou do painel “Transformação dos Sistemas Alimentares”.

 “A gente tem um desafio de alimentar uma população cada vez maior, combinado com a restrição de uso da água, terra e energia, o que já está acontecendo hoje. Neste cenário vai ser fundamental o sistema alimentar de alto desempenho para prosperidade da humanidade, a biodiversidade de longo prazo e para atingir o carbono líquido zero” disse.

O executivo afirmou que o Paribas atualizou recentemente sua política global de agricultura, em que foi definido que, até 2025, todos os clientes do banco devem alcançar zero desmatamento nas cadeias de carne e soja.

“Nossa preocupação era que fosse uma meta ambiciosa e relevante, mas ao mesmo tempo factível”, disse.

Guimarães ressaltou que a empresa reforçou o objetivo com a preservação da biodiversidade, eixo muito importante, segundo ele, para transição dos sistemas alimentares sustentáveis.

“Também até 2025, a gente pretende alcançar 3 bilhões de euros de financiamentos vinculados à proteção de biodiversidade terrestres, além de investir mais de 250 milhões de euros em startups mobilizadas com a transição ecológica.”

Para o CEO do Paribas, muito brevemente os indicadores de biodiversidade e clima serão levados em conta em comitês de créditos e risco, o que contribuirá para acelerar e muito a transição. E ele lembra que, neste sentido, o Brasil está bastante alinhado com outros países.

“Por regulação do Banco Central do Brasil, o risco de meio ambiente, o risco social  e o risco de mudança climática deixam de ser um risco específico e passam compor o risco total de uma operação”.