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Cúpula da Amazônia é chance de discutir bioeconomia na região

Cúpula da Amazônia é chance de discutir bioeconomia na regiãoBioeconomia inclui boas práticas extrativistas, como a da borracha. Foto: Christian Braga / WWF-Brasil

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Por André Garcia

Sobra cada dia menos tempo para que os nove países que abrigam a Amazônia se comprometam com a conservação de pelo menos 80% da floresta, percentual necessário para a garantia da estabilidade climática global e a sobrevivência, sobretudo, das 47 milhões de pessoas que vivem na região.

Entendimentos sobre o tema podem avançar nos próximos dias 8 e 9 de agosto, quando os presidentes destas nações, todas signatárias do Tratado de Cooperação Amazônica, se reunirão na Cúpula Amazônica, em Belém (PA). Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidentes da Bolívia, Colômbia, Guiana, do Peru e e representantes da Venezuela, Equador e Suriname, a missão ali é a construção de uma visão comum sobre desenvolvimento sustentável, o que passa, invariavelmente, pela bioeconomia.

Produção de açaí no Amazonas. Foto: Sead

É isso que defendem cerca de 300 líderes e especialistas de mais de 100 organizações, que criaram um roteiro com nove eixos de ação e 31 recomendações para a implantação do modelo econômico. O documento, elaborado no mês de junho, foi entregue a representantes das nações em encontro preparatório para a Cúpula realizado na Colômbia, em julho.

Os eixos apresentados incluem, dentre outros, a priorização de incentivos a cadeias sustentáveis, a desburocratização de processos para empreendimentos da bioeconomia e a obrigatoriedade da transparência, assegurada pela rastreabilidade, como forma de garantir que a produção de commodities seja livre de desmatamento.

Os especialistas também propõe a criação de uma Plataforma Ad-hoc de Financiamento da Bioeconomia Pan-Amazônica que priorize investimentos em ciência, tecnologia e inovação e investimento em infraestrutura sustentável e revitalização de rios, o que transformaria as cidades da Amazônia em polos de inovação para a bioeconomia.

Potencial econômico

A expectativa é que o modelo faça parte das metas estabelecidas pelo documento da Cúpula de Belém, resultando em investimentos concretos. Neste contexto, a diretora global de economia do World Resources Institute (WRI), Vanessa Pérez, destaca o enorme potencial de transformação socioeconômico a ser explorado.

“A bioeconomia é a chave para desbloquear o potencial econômico da região, preservando seu patrimônio ecológico e, como tal, precisa estar no centro de qualquer plano de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Precisamos preservar a Amazônia não só pelas consequências de uma eventual perda, mas também pelo que ela pode oferecer viva.”

Como já mostrado pelo Gigante 163, a adoção de modelos da bioeconomia pode resultar em aumento anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal (AML), além de garantir o crescimento de todos os setores, incluindo a agropecuária. Os dados são do estudo Nova Economia da Amazônia, do instituto de pesquisa WRI.

Segundo o levantamento, além de acréscimo de 35% ao PIB nacional, a região também contaria com a geração de 312 mil empregos a mais, 81 milhões de hectares em florestas adicionais e estoque de carbono 19% maior em comparação ao modelo atual de desenvolvimento baseado em atividades intensivas em desmatamento e emissões.

Ponto de não retorno

A vice-presidente sênior para as Américas da Conservation International, Rachel Biderman, alerta que o bioma está perigosamente perto de seu ponto de não retorno, ou seja, o momento em que a floresta não consegue mais se regenerar, transformando-se em uma savana. Mudanças climáticas, desmatamento e perda da biodiversidade vêm acelerando este processo.

“Ainda estamos em tempo de impedir a imensa perda de biodiversidade que isso acarretaria e promover as economias lideradas pelas comunidades, que são os atores principais de sua conservação. A próxima década será crucial para a sobrevivência – ou não – da floresta e do modo de vida e cultura de seus povos”, pontua.

 

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