Por André Garcia
A recuperação de áreas de Reserva Legal (RL) por meio do plantio de mudas pode garantir uma cobertura de solo superior a 80% pelas copas das árvores. O resultado foi alcançado em um experimento de longo prazo conduzido pela Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT).
O índice de cobertura de copa é um dos critérios definidos pela legislação ambiental de Mato Grosso para avaliar o sucesso da recomposição florestal em áreas de Reserva Legal, etapa obrigatória para produtores que possuem passivos ambientais identificados no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Além disso, a meta faz parte das exigências dos Programas de Regularização Ambiental (PRA), criados a partir do Novo Código Florestal, com prazos e parâmetros específicos para a recuperação dessas áreas.
“É importante termos esses parâmetros para se pensar em possíveis intervenções para contribuir para o alcance dos indicadores definidos pela Sema. É um lugar em que conseguimos analisar com mais critérios, de forma mais controlada, o caminhar desse processo”, explica o pesquisador da Embrapa Florestas (PR), Ingo Isernhagen.
Primeira meta alcançada
O experimento teve início em 2012 com o objetivo de testar diferentes estratégias de recuperação ambiental para a região médio-norte de Mato Grosso. Entre as técnicas avaliadas estão o plantio de mudas, a semeadura direta, a semeadura a lanço e a regeneração natural por meio do isolamento da área.
Na avaliação feita após oito anos, somente os tratamentos com plantio de mudas superaram o índice de 80% de cobertura de solo exigido pela Sema-MT. Essa medição considera a área sombreada pelas copas de árvores nativas com mais de dois metros de altura.
Diversidade de espécies e regeneração
Embora a cobertura de solo já atenda ao critério legal, os outros dois parâmetros estabelecidos pela Sema-MT — número de regenerantes e diversidade de espécies — ainda não foram alcançados.
Nos tratamentos avaliados, o número de indivíduos jovens por hectare ficou abaixo da meta de 3 mil, variando entre 483 e 1.083 indivíduos. Já a diversidade de espécies variou de cinco a dez, quando o exigido são pelo menos 20 espécies diferentes.
A equipe da Embrapa avalia possíveis intervenções para estimular o crescimento de novas plantas e aumentar a diversidade. Entre as estratégias estão podas seletivas para ampliar a entrada de luz no sub-bosque, plantio de novas mudas e a semeadura de outras espécies.
Contribuições
Segundo os pesquisadores, os resultados do experimento podem orientar produtores que buscam soluções técnicas para recuperar suas áreas de Reserva Legal. A experiência também deve ajudar na discussão de ajustes nos parâmetros ambientais no futuro.
“Nosso objetivo é trazer contribuições práticas para os produtores que precisam recuperar suas áreas, seja para atender às exigências ambientais, seja para explorar economicamente os produtos florestais que podem surgir dessas áreas recuperadas”, afirma Isernhagen.
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