Por André Garcia
Com aumento de 74% na área devastada, Mato Grosso assumiu a liderança no desmatamento da Amazônia. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, o estado perdeu 1.636 km² de floresta, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 7/8, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe. A boa notícia é que houve queda de 72% do desmatamento no Pantanal e de 21% no Cerrado.
No mesmo período, a Amazônia como um todo perdeu 4.495 km² de cobertura vegetal, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. Apesar de ainda ser o segundo menor número desde 2016, o dado interrompe a tendência de queda registrada desde 2023.
Apesar do aumento, o número é o segundo mais baixo da série histórica iniciada em 2016, atrás apenas de 2024. O dado, no entanto, interrompe o ciclo de queda registrado desde 2023 e acende um sinal de alerta, especialmente por estar ligado ao avanço das queimadas.
“Há aumento dos incêndios em função da mudança climática, e isso está incidindo em desmatamento. Dentro da margem, podemos falar que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é de desmatamento zero até 2030”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Ranking dos estados
Com a alta no desmtamento em MT, o estado respondeu por 36% do desmatamento da Amazônia no último ano. Enquanto isso, o Pará reduziu em 21% sua área destruída, com 1.325 km² no total. No Amazonas, a alta foi de 3% (814 km²), e em Rondônia, a queda chegou a 35% (194 km²).

Crédito: Inpe
Combate à impunidade
Para o governo federal, a reversão na curva de queda reforça a necessidade de intensificar a fiscalização. Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, há um esforço conjunto com o ICMBio para coibir crimes ambientais.
“Estamos fazendo uma ação muito forte para que a impunidade não prospere”, afirmou.
Deter x Prodes
O sistema Deter tem como objetivo gerar alertas rápidos sobre desmatamento e apoiar ações de fiscalização. Já os dados oficiais da taxa anual de desmatamento na Amazônia são medidos pelo sistema Prodes, também operado pelo Inpe, que utiliza imagens de satélite de maior resolução.
Os números do Prodes referentes a este mesmo período (ago/24 a jul/25) serão divulgados até novembro e podem confirmar ou revisar a tendência apontada pelo Deter.
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