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Melhoria de estradas reduz custo e libera áreas para recuperação

Melhoria de estradas reduz custo e libera áreas para recuperaçãoFalta de estrutura limita escoamento. Foto: Divulgação-CNT

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Por André Garcia

A melhoria das estradas vicinais poderia reduzir em R$ 6,4 bilhões por ano os custos dos produtores rurais com combustível, manutenção, insumos e mão de obra.  Além da economia bilionária, isso também criaria condições para a recuperação de milhões de hectares de pastagens degradadas, estratégia central para o setor neste momento.

Um estudo divulgado nesta semana pela ESALQ-LOG/USP e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que esta combinação é mais favorável nos estados ocupados há mais tempo, como os do Sudeste e do Centro-Oeste, que apresentam redes vicinais mais extensas e em melhores condições de trafegabilidade.

Já na Amazônia, o cenário é o oposto: a malha é reduzida e quase todas as estradas precisam ser reconstruídas. No Amazonas, por exemplo, as estradas vicinais somam 13,7 mil quilômetros e exigem mais de 92% dos recursos apenas para adequação. Enquanto isso, em Mato Grosso, a rede rural ultrapassa 137 mil quilômetros, exigindo 76% dos recursos.

Na prática, essa falta de estrutura em meio à floresta limita não só o escoamento da produção atual, mas também a possibilidade de aproveitar áreas já abertas.  Por outro lado, joga ainda mais holofotes para a região central do País, que pode liderar iniciativas como o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas.

Segundo a Embrapa, o Brasil tem 28 milhões de hectares de pastagens plantadas em degradação intermediária ou severa com potencial para voltar a produzir.  Os estados do Centro-Oeste lideram o ranking: Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha) e Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha).

Superando desafios

Embora a situação das vias de MT seja melhor que as do AM, por exemplo, ainda há muito a avançar. No Estado, os custos anuais estimados para adequação e manutenção das estradas terciárias chegam a R$ 549,8 milhões para alcançar padrões mínimos de trafegabilidade ao longo do ano.

Em Goiás, a rede de estradas vicinais ultrapassa 125 mil quilômetros e requer quase R$ 2 bilhões anuais em investimentos. Cerca de 72% desse valor é destinado à adequação da malha, concentrada em microrregiões como Sudoeste de Goiás e Meia Ponte, responsáveis por grande parte do transporte de grãos e insumos do Estado.

Já em Mato Grosso do Sul, com uma malha vicinal estimada em 100 mil quilômetros, o custo anual de adequação e manutenção gira em torno de R$ 750 milhões. As microrregiões de Dourados, Campo Grande e Três Lagoas concentram as maiores necessidades de investimento.

Reduzindo emissões de CO₂

No ano em que o Brasil sedia a COP30, os dados da pesquisa reforçam que a melhoria da infraestrutura também é uma pauta ambiental. Segundo o estudo, se todas as estradas vicinais do País atingissem padrão de alta qualidade, seria possível reduzir em cerca de 1 milhão de toneladas por ano as emissões de CO₂.

Isso porque, além de encarecer o transporte da produção, a precariedade das estradas rurais também gera desperdício energético e maior emissão de gases de efeito estufa, já que os veículos consomem mais combustível nas vias esburacadas e sem manutenção.

 

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