Por André Garcia
O desmatamento no Cerrado caiu 11,49% entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apesar do recuo, os dados confirmam uma tendência preocupante: a expansão da fronteira do desmate em direção ao norte do bioma, região que ainda concentra as áreas mais preservadas. Na Amazônia também houve queda, de 11%.
Os dados foram divulgados em entrevista coletiva coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), nesta quinta-feira (30), e mostram que entre agosto de 2024 e julho de 2025 a área desmatada foi de 7.235,27 km². Este é o segundo ano consecutivo de redução, após cinco de alta (2019 a 2023).
No Cerrado, 77,9% do desmatamento ocorreu nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região conhecida como Matopiba. Os números reforçam que o bioma segue como o mais pressionado pela expansão agropecuária e pela abertura de novas áreas de cultivo.
A concentração nessa faixa do território preocupa, já que o Cerrado abriga nascentes de oito das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras e cumpre papel estratégico no equilíbrio climático do país.
“Preservar o Cerrado é uma questão de segurança hídrica e alimentar”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante a coletiva.
Destinação de recursos
Na ocasião, foi anunciada a destinação de R$ 150 milhões, via Fundo Amazônia, para ações de combate a incêndios e desmatamentos nos estados do Cerrado e do Pantanal — medida que amplia o escopo do fundo originalmente voltado à Amazônia Legal.
“Combater o desmatamento e proteger o meio ambiente são condicionantes para que o Brasil alcance o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e gere prosperidade para sua população”, completou Marina.
Reforço na fiscalização
A redução geral do desmate é atribuída a ações de fiscalização mais intensas e ao avanço dos planos de prevenção e controle nos diferentes biomas brasileiros. Em outra frente, está o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), inspiradas no PPCDAm, da Amazônia.
Entre 2024 e 2025, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 9.540 ações fiscalizatórias, com 4.007 autos de infração e aplicação de R$ 2,85 bilhões em multas. Mais de 3 mil áreas foram embargadas, totalizando 5.194 km² bloqueados por irregularidades ambientais.
Paralelamente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizou 687 operações em unidades de conservação, com multas que somam quase R$ 400 milhões e a incorporação de 130 novos agentes de fiscalização.
Redução das emissões
Os dados do Prodes também apontam que o desmatamento na Amazônia Legal foi de 5.796 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025. Assim, nos dois biomas foi evitada a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO2e por desmatamento desde 2022 – valor equivalente às emissões relativas a 2022 de Espanha e França somadas.
LEIA MAIS:

 
			