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Quase 90% do desmatamento na Amazônia é ilegal

Quase 90% do desmatamento na Amazônia é ilegalIlegalidade de poucos afeta todo o setor. Foto: Agência Brasil

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Por André Garcia

Quase 90% do desmatamento registrado na Amazônia entre agosto de 2024 e julho de 2025 ocorreu sem autorização. Ao todo, foram 4,4 mil km² de floresta derrubados ilegalmente, segundo levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV) divulgado nesta sexta-feira, 7, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Mato Grosso, Pará e Amazonas tiveram os piores índices e concentram os dez municípios com mais desmatamento com indícios de ilegalidade. São eles: Félix do Xingu (PA), Apuí (AM), Marcelândia (MT), Lábrea (AM), Altamira (PA), Colniza (MT), Peixoto de Azevedo (MT), Uruará (PA), Portel (PA) e Itaituba (PA).

Para chegar a esse número, o ICV cruzou as áreas desmatadas com as autorizações de supressão de vegetação disponibilizadas pelo Sistema Nacional de Controle da Origem de Produtos Florestais (Sinaflor) e as bases de dados acessadas junto aos órgãos estaduais de meio ambiente.

Ilegalidade de poucos afeta o setor inteiro

Historicamente, a expansão agropecuária é o principal vetor do desmatamento na região. No entanto, os dados mostram que a ilegalidade está concentrada em uma minoria de produtores, o que acaba comprometendo a imagem do agronegócio como um todo e gerando riscos comerciais para quem produz dentro da lei.

O papel do agro na meta de desmatamento zero

Mas vale destacar que mesmo quando autorizado, o desmatamento tem impacto direto sobre o aquecimento global, que hoje a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Assim, reduzir essa pressão é condição essencial para que o País cumpra a meta de zerar a perda de vegetação até 2030.

“Além de ações de comando e controle, é importante criar e implementar incentivos para a conservação ambiental, com fomento a práticas sustentáveis nas cadeias agropecuárias, à bioeconomia, pagamentos por serviços ambientais, entre outros. É essencial a valorização da floresta em pé,” explica a coordenadora do Programa de Conservação e Clima do ICV, Ana Paula Valdiones.

Mecanismos importantes

Um dos exemplos mais consolidados é a Moratória da Soja. Criado em 2006 por produtores, indústrias e exportadores para conter o avanço da cultura sobre áreas recém-desmatadas o acordo não impediu o avanço das lavouras no País e é apontado como referência mundial na separação entre produção legal e ilegal.

“Os acordos e compromissos setoriais também cumprem um papel importante no combate ao desmatamento associado às cadeias de suprimentos, como a da carne e a da soja, sendo necessária a manutenção, o fortalecimento e a expansão de iniciativas como a Moratória da Soja”, conclui Ana Paula.

 

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