HomeEcologiaEconomia

Brasil pode receber US$ 100 bi com soluções baseadas na natureza

Brasil pode receber US$ 100 bi com soluções baseadas na naturezaRecuperação de pastagens está entre estratégias potenciais.Foto: Semad

Programa do BB quer acelerar recuperação de pastagens
Destruição ambiental ameaça espécie de macaco exclusiva de MT
PIB soma R$ 10,9 trilhões em 2023, afirma IBGE; agropecuária se destaca

As chamadas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês para Nature Based Solutions) podem render US$ 100 bilhões em investimentos ao Brasil nos próximos anos. Pensando em curto prazo, até a COP30, em 2025, no Brasil, a cifra de US$ 5 bilhões pode ser facilmente alcançada, segundo o cofundador da Capital for Climate, Tony Lent.

Isso porque, além das vantagens estratégicas que o País oferece, a emergência climática tem impacto cada vez maior sobre as decisões dos grandes gestores. Segundo ele, decisões de instituições como a Glasgow Financial Alliance, Net Zero e Asset Owner Alliance confirmam esta tendência.

“Todas essas instituições financeiras juntas representam mais da metade de todo o capital gerido profissionalmente no planeta Terra. Já existem cerca de 20 instituições financeiras globais que têm equipes de investimentos dedicadas a NBS, com mais de US$ 500 bilhões sob gestão”, disse em entrevista à Agfeed.

O otimismo de Lent é baseado em mais duas décadas dedicadas a empreendimentos relacionados à questão climática. Só nos últimos anos, ele mobilizou mais de US$ 2 bilhões no mercado de transição para a economia de baixo carbono.

Potencial

A longa lista de condições que colocam o País como potencial destino de investimentos climáticos e de NBS inclui ações já desenvolvidas em termos de crédito, ferramentas de gestão de risco para moeda, carbono e projetos já executados por empresas. Outro ponto forte é o perfil de emissões de gases de efeito estufa (GEE) por aqui.

“Ao contrário da maioria dos países, onde os gases de efeito estufa provêm principalmente da energia e dos transportes, no Brasil, a maior parte das emissões vem da destruição ou conversão de habitats e do complexo agrícola”, diz.

Paradoxalmente, essa condição nos coloca como o único país que tem capacidade de absorver facilmente mais de uma gigatonelada por ano de dióxido de carbono com soluções baseadas na natureza.

Aposta na recuperação de pastagens

Como exemplo de investimento com alto potencial atrativo, Lente cita a recuperação de pastagens degradadas. Para ele, a escala do projeto fascina investidores estrangeiros, por oferecer a possibilidade de retornos expressivos.

“O governo disse que um dos principais motores do desmatamento foi liberar terras para gado e soja”, afirma. “Temos toda essa terra pastoril degradada. São 90 milhões de hectares, uma área maior que a França. Precisamos restaurar isso”.

Ele também é entusiasta do modelo agroflorestal em larga escala.

“Já há grandes fundos de private equity agrícolas e empresas de ativos reais olhando para isso, operando em 15 mil hectares e perguntando: ‘poderíamos fazer isso em 100 mil hectares? Poderíamos fazer do Brasil de volta uma potência do cacau com base em um modelo agroflorestal? Tem gente pensando nisso, se mobilizando”.

LEIA MAIS:

Entenda por que o agro é excluído de mercados de carbono

Países precisam de US$ 212 bi para lidar com mudança climática

Fundo Clima recebe R$ 10,4 bilhões para projetos sustentáveis

Fundo Clima terá até R$ 15 bi em parcerias com BID e Banco Mundial

COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climático

Agroflorestas podem reverter calor extremo e garantir rentabilidade

Recuperação de pastagens brasileiras está na mira do mercado internacional