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Desmatamento cresce 3% e Cerrado ganha plano para preservação

Desmatamento cresce 3% e Cerrado ganha plano para preservaçãoApesar de desaceleração, perdas ainda são alarmantes. Foto: Adriano Gambarini/WWF-Brasil

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Por André Garcia

O Cerrado perdeu 11.011,7 km² de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os números, apresentados nesta terça-feira, 28/11, foram extraídos do sistema Prodes e mostram que o desmatamento no bioma cresceu 3% em comparação ao período anterior.

Apesar do crescimento pelo quarto ano consecutivo, a devastação desacelerou. Entre 2019 e 2020, os números corresponderam a 25%; de 2020 para 2021, a 7,9%  e entre 2021 e 2022, a alta foi de 25,3%.

Boas notícias vêm do Centro-Oeste, já que Mato Grosso e Goiás tiveram quedas de 17% e 18% na perda de vegetação nativa. Mato Grosso do Sul, por outro lado, apresentou alta de 14%.

A situação é muito mais preocupante na região do Matopiba, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que, juntos, concentraram 75% do desmatamento do bioma. Segundo o levantamento, Maranhão suprimiu a maior área (2.928 km²), seguido pelo Tocantins (2.233 km²), Bahia (1.971 km²) e Piauí (1.127 km²).

Crédito: MMA

Cop28

Divulgado às vésperas das Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (Cop28), o aumento deverá ser cobrado do Governo Federal, que chegará em Dubai (Emirados Árabes) com uma carta na manga: o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), lançado na apresentação dos índices do bioma e que tem como meta desmatamento zero até 2030.

Para a titular do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, a equipe chegará ao encontro de cabeça erguida, especialmente por ter iniciado um processo virtuoso de queda do desmatamento da Amazônia.

“Com relação ao Cerrado, chegamos com um grande desafio e de forma inteiramente republicana. Na Cop27, houve uma verdadeira força tarefa na tentativa de arrancar os dados da Amazônia, que estavam prontos e o Governo não liberava os dados, como é obrigação fazer”, afirmou ela.

Questão fundiária

Como temos mostrado, o desmatamento na região ocorre majoritariamente em áreas privadas, que respondem por 63,47% do número total. Para se ter ideia, o Código Florestal Brasileiro permite ao dono de terras no Cerrado desmatar até 80% da propriedade.

Na ocasião, Marina lembrou que os estados são os grandes responsáveis pelas autorizações de desmatamento e pela emissão de outorgas na região. A questão também foi ressaltada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira.

“O tema fundiário é importante para dizer quem está ali e responsabilizar. O negacionismo escondia essa realidade. Agora, com essa realidade sendo explicitada, podemos atuar sobre ela e os resultados no próximo ano serão muito melhores”, afirmou durante o encontro.

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