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Experimento vai medir quanto carbono a floresta absorve

Experimento vai medir quanto carbono a floresta absorveProjeto na Amazônia tem apoio do governo britânico. Foto: Adriano Gambarini/ MMA

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O projeto Amazon Face (abreviação de free-air CO2 enrichment, em inglês, que significa enriquecimento por CO2 livre) deve ser implementado em 2024. Sua proposta é examinar o comportamento da floresta amazônica sob níveis mais elevados de CO2 na atmosfera.

Para atingir essa meta, os cientistas instalaram torres que formam círculos enormes, com 30 metros de diâmetro e estruturas de 35 metros de altura, em áreas florestais localizadas no  Amazonas. Essas torres serão usadas para injetar dióxido de carbono nas áreas de estudo.

O projeto, que tem um custo estimado de US$ 78,5 milhões para um período de dez anos de experimentação, é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Além disso, o governo britânico, em colaboração com o Brasil na iniciativa, já disponibilizou cerca de 7,3 milhões de libras (mais de R$ 45 milhões) desde 2021.

A iniciativa Amazon Face, liderada por David Lapola, um dos coordenadores do projeto e pesquisador da Unicamp, tem como objetivo antecipar como a floresta reagirá em um cenário futuro com maior concentração de CO2 na atmosfera. De acordo com ele, os modelos disponíveis, em geral, mostram um aumento significativo de biomassa e de produtividade da floresta com essa “fertilização” por CO2. O problema é que estudos foram realizados em florestas temperadas, não em realidades como a da Amazônia.

Particularidades

Segundo o coordenador do Amazon Face, o projeto foi instalado em uma região representativa de cerca de 60% da bacia amazônica, um solo pobre em fósforo, que é o “tijolo” essencial para a construção das plantas.

“A planta pode até produzir um açúcar simples (com aumento da disponibilidade de CO2), mas não consegue alocar isso para biomassa, sobretudo no tronco. Qualquer parte em que ela precise crescer, ela vai precisar de fósforo”, explicou Lapola.

De acordo com o cientista, entender melhor tais processes em uma floresta do porte da amazônia é essencial quando abordamos o futuro climático.

“O que vamos fazer é deixar as projeções e modelos mais confiáveis”, resumiu.

Lapola destaca que a maioria dos modelos climáticos utilizados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU) ainda considera as florestas tropicais como regiões de absorção permanente de CO2. Isso significa que as estimativas sobre o impacto real das florestas tropicais no clima provavelmente estão sendo superestimadas, de acordo com ele.

“O Amazon Face vai mostrar que esse valor pode ser menor que isso, mas que é dinâmico. Isso altera o nosso relatório de emissões para a convenção do clima (da ONU)”, disse.