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Métricas de carbono adaptadas ao País fortalecem sistemas agrícolas

Métricas de carbono adaptadas ao País fortalecem sistemas agrícolasMais de 50 especialistas da Empresa participarão da iniciativa. Foto: Embrapa.

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Por André Garcia

O potencial de renda bilionária e a recente criação do Sistema Brasileiro do Comércio de Emissões (SBCE) dão sinal verde para o avanço do mercado de carbono. Outra novidade importante para o setor é que, em breve, o País contará com uma plataforma de mensuração de emissões e absorção de carbono adaptada aos sistemas agrícolas.

É nisso que se debruçam mais de 50 cientistas da Embrapa, que, pela primeira vez, desenvolvem parâmetros de medição adaptados às condições de clima tropical. Com investimento de R$ 20,3 milhões, o trabalho atende a uma forte demanda internacional por rastreabilidade nas emissões, e garante a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

É o que explica o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Giampaolo Pellegrino, que destaca que os resultados devem fortalecer a imagem do Brasil, aumentando a confiabilidade sobre os produtos, a competitividade do setor agrícola e seu impacto comercial nos mercados internos e externos.

“O projeto prevê o investimento em qualificação de infraestrutura e a formação de uma rede de cooperação em PD&I, que nos possibilite elaborar métodos de medição adequados às condições e ao modelo de produção nacional, a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos”, diz.

De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, a agropecuária, mesmo que sob bases sustentáveis, é responsável por cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Para o pesquisador da Assessoria de Relações Internacionais (Arin) Gustavo Mozzer, a necessidade de reduzir estes números se tornou ainda mais urgente após o Acordo de Paris, no qual o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 48.4%% até 2025, e em 53.1% até 2030.

Além disso, o País deverá estabelecer um objetivo de longo prazo de neutralidade climática até 2050.

Tropicalização

Neste contexto, Mozzer fala sobre a importância da “tropicalização” das métricas de carbono, o que tornará os cálculos sobre as emissões domésticas de GEEs mais precisos. Ele também lembra que a Embrapa tem mais de 15 anos de experiência em pesquisas para medir emissões de carbono.

“Os dados serão estratégicos para a evolução dos métodos utilizados atualmente para estimativa das emissões, na direção da implantação de métodos tropicais.”

Vale destacar que os indicadores criados pelos cientistas deverão ser compatíveis com os princípios de Transparência, Precisão, Completude, Comparabilidade, Consistência (TACCC) adotados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pelas Nações Unidas para o desenvolvimento de Inventários Nacionais de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Inventário Nacional).

“Esse processo de construção e articulações domésticas de estratégias vai servir de base para debates com a comunidade científica e a academia para assegurar o reconhecimento e aceitação do método brasileiro e sua compatibilidade com as normas internacionalmente aceitas para o Inventário Nacional”, reforçou Pellegrino.

Objetivo é alcançar o Tier 3

Hoje, assim como a maior parte das nações em desenvolvimento, o Brasil utiliza um repertório de métodos baseados no Tier 1 e Tier 2, que são modelos-padrão e modelos gerais baseados nas normas para elaboração dos Inventários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

“Nosso objetivo é caminhar para o Tier 3, no qual o País utiliza modelos matemáticos desenvolvidos nacionalmente de forma a representar mais adequadamente as emissões de GEE dos nossos sistemas de produção. Mas, para isso, é necessário o desenvolvimento de arcabouços para aquisição contínua de dados nacionais que caracterizem os sistemas de produção típicos das diversas regiões do País”, concluiu Pellegrino.
Emenda parlamentar

A execução do projeto foi garantida a partir da aprovação de emenda votada na Câmara Federal e contou com recursos de três comissões. A maior parte deles é oriunda da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal (R$ 20.100.000,00). Os outros 200 mil vieram da Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC), do Congresso Nacional, e da Comissão de Meio Ambiente (CCMA) do Senado, sendo 100 mil de cada uma. quando o orçamento da Embrapa para 2024 estava para ser votado.

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