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Moradores da Amazônia mato-grossense falam da importância da floresta em pé

Moradores da Amazônia mato-grossense falam da importância da floresta em péMarcilene e Adir trabalham com plantas medicinais. Foto: Reprodução

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Muito se fala da Amazônia e sua riqueza natural: a fauna e a flora, que abrigam cerca de 400 espécies de mamíferos, 1.300 espécies de aves, 40 mil espécies de plantas, além de muitos rios. Pouco se fala, no entanto, das pessoas que ali vivem e que são responsáveis por preservar todo esse tesouro.

Veridiana, Zé Roque, Vilma, Rosângela, o casal Marcilene e Adir, Dona Maria e Oswaldo são alguns dessas pessoas. Eles são as estrelas da série “Minha Vida na Amazônia”, produzida pela Maria Filmes e pelo Instituto Centro de Vida (ICV), que retrata moradores e moradoras das regiões norte e noroeste de Mato Grosso.

Em vídeos de menos de dois minutos, cada um, à sua maneira, conta como é viver num dos biomas mais importantes do mundo.

Veridiana, de Cotriguaçu

Veridiana teve que se impor como única mulher do grupo de catadores de castanha. “Eu falei para meu marido à época: eu também quero participar, quero ir pro mato e ver como funciona”.

Hoje, ela não é a única. Para Vere, como é conhecida, a floresta se mostra cada dia mais a quem está nela. Os bichos aparecem, os sons se multiplicam e a proteção fortifica. Floresta em pé, para Veridiana, mulher, coletora, liderança e especialista, é tudo.

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Zé Roque, de Nova Monte Verde

O pecuarista Zé Roque tem orgulho de ser homem do campo. “Eu sou um caboclo com cheiro de terra mesmo. […]Você pode ter tudo de conforto, se você não gosta do lugar, não adianta. É o meu caso com a cidade. Sou do campo”, diz.

Ele já foi empreiteiro, garimpeiro, peão de fazenda, de boi, trabalhador da área de construção e colhedor  de café, mas sua paixão é a lida com o gado leiteiro. É a isso que ele se dedica hoje em sua pequena chácara. A propriedade quem vai herdar é a neta, que quer ser veterinária. “Vou entregar para ela com renda e tudo pra ela tocar, pra ser minha sucessora”.

Veja o vídeo aqui.

Vilma, de Cotriguaçu

De família, muito humilde, Vilma morou em muitos lugares, sempre em busca de trabalho em terra dos outros. E a cada despedida, o que mais doía era deixar para trás as plantas.

Hoje, ela tem um cantinho, como diz ela, emocionada, sobre chácara em que pode viver da venda dos produtos que cultiva. Um sonho realizado, em que plantas e bichos rodeiam sua casa. É neste lugar que ela deposita toda sua esperança de um futuro cheio de cantos de pássaros, pulos de macacos e sombra de árvores, para seus netos.

“O mato em pé é sagrado, ele é vivo”, diz.

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Rosângela, de Nova Bandeirantes

A Amazônia mato-grossense, Rosângela conhece desde menina quando se mudou com a família em busca de uma vida melhor. E é ali também que conheceu a agricultura familiar, prática que se tornou uma alternativa de vida para encarar as condições adversas.

Rosângela acorda cedo e, mesmo com o trabalho árduo, nem vê o tempo passar. A experiência da lida tem sido enriquecida, com as dicas do filho que estuda agronomia. É nessa terra que Rosangela planeja passar os últimos dias.

“A Amazônia, pra gente, é tudo”, afirma.

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Marcilene e Adir, de Cotriguaçu

Marcilene  anda descalça pelas matas, com apoio de um facão para abrir caminho. Para ela e seu marido, Adir, um alqueire de terra traz a alegria de uma fazenda gigantesca. Isso porque eles veem vida nas plantas medicinais.

“Não é o boi que é importante, ou a soja, o milho o arroz. Pra desenvolver o Brasil, a gente precisa disso aqui também: da pequena propriedade. Porque quando você tem pequeno, não tem ganância. Hoje a ganância destrói a Amazônia. Vem com a máquina e detona tudo e a gente viu nosso clima aí, mudado”, afirma o agricultor.

O casal, que no passado colocava veneno nas plantações, hoje vive da horta completamente orgânica e das consultas de bioenergética, onde atendem juntos a todos interessados na técnica que lida com os distúrbios da saúde com a medicina da floresta.

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Maria, de Cotriguaçu

Quando chegou com marido e os nove filhos, Maria não tinha nada, mas aprendeu aos poucos a viver na Amazônia. Gosta de dizer que não tem o dom de morar em cidade. Ela afirma que nunca imaginou ter uma terra para chamar de sua e hoje, de tudo, ela tem um pouco: café, cacau, banana, mandioca, hortaliças.

Foi o trabalho na terra que a ajudou a recuperar a alegria de viver, depois de perder um filho num acidente. “Enquanto eu estou lá, eu estou distraída. Ele era o meu companheiro, porque ele quase igual eu. Não gostava muito de festa, se os outros saíam ele ficava junto comigo. Foi muito difícil. Aí o serviço me distrai”, diz.

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Oswaldo, de Paranaíta

“Eu renasci”, costuma dizer Osvaldo sobre como a Amazônia mudou sua vida. Depois, como diz ele, “de descer o fundo do poço ao cair no mundo da bebida”, a lida com a terra foi uma janela que se abriu.

Hoje, ele, que já foi madeireiro, compartilha seu amor pela floresta, pelos frutos da terra e por uma vida saudável , ao lado de Roseli, sua esposa, e com quem divide as obrigações no cuidado de um sistema agroflorestal (SAF).

“Se as pessoas olhassem para a natureza, elas não cortavam um árvore”, diz.

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Fonte: ICV