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Maioria e frigoríficos na Amazônia não controla origem da carne

Maioria e frigoríficos na Amazônia não controla origem da carneEstudo é resultado da avaliação dos dados públicos. Foto: Imazon

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Por André Garcia

A falta de transparência na pecuária brasileira, que priva os consumidores de informações relacionadas a produtos associados ao desmatamento, foi evidenciado por pesquisa inédita do Radar Verde.  Publicado na quarta-feira, 8/11, o estudo revela que 92% dos frigoríficos e 95% dos maiores varejistas da Amazônia demonstraram grau de controle muito baixo sobre suas cadeias.

A conclusão foi feita com base nos dados públicos dessas empresas disponibilizados em seus sites. Em 2023, o levantamento identificou 132 frigoríficos com plantas na Amazônia e 69 varejistas potenciais compradores de carne bovina da região.

Nesse indicador, o frigorífico Marfrig e o varejista Grupo Pão de Açúcar (GPA) são os únicos que demonstraram ter controle intermediário da cadeia, conforme a classe de pontuação utilizada pelo Radar Verde.

Os 132 frigoríficos identificados são os que possuem registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia. Quanto aos 69 supermercados, 50 correspondem às maiores redes varejistas, segundo o ranking de faturamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e os outros 19 são os maiores supermercados dos estados da Amazônia Legal.

Estratégia

Além de os mecanismos de transparência garantirem a prestação de contas das empresas aos consumidores e investidores, eles também podem, como já mostrado pelo Gigante 163, promover melhorias da porteira para dentro.

“Saber o status do setor com relação ao controle de fornecedores é fundamental para compreendermos a evolução do Brasil na busca por eliminar o desmatamento da cadeia da pecuária”, afirma Alexandre Mansur, coordenador do Radar Verde e diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos.

Neste contexto, o coordenador do Radar Verde e pesquisador associado do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto, explica que o desmatamento é uma ameaça sistêmica à economia brasileira.

“O desmatamento diminui as chuvas, que são essenciais para o agronegócio, para a geração de energia, o abastecimento industrial e dos lares. A pecuária bovina é a principal atividade responsável pelo desmatamento na Amazônia Legal, ocupando cerca de 90% da área desmatada, sendo que mais de 90% do desmatamento é ilegal”, afirma.

Transparência Pública

Dos 69 varejistas, foi possível avaliar o Grau de Transparência Pública apenas de 47 empresas. Os 22 restantes não tinham informações públicas ou o site estava em manutenção durante o período de análise, de 7 de julho a 2 de agosto de 2023.

Os varejistas com os melhores resultados no Grau de Transparência Pública são: GPA, Assaí, Carrefour e Cencosud Brasil. Essas empresas foram as únicas que demonstraram controle das fazendas fornecedoras diretas, as que entregam os bois para as plantas de abate.

Dos 47 varejistas que disponibilizam informações públicas, apenas três (Assaí, Carrefour e GPA) realizam auditoria de seus fornecedores diretos. As auditorias ditam regras que determinam se esses varejistas devem continuar comprando ou não de seus fornecedores, com base nos controles socioambientais.

Dos 132 frigoríficos identificados, foi possível avaliar o Grau de Transparência Pública apenas de 38. Os demais não possuíam ou o site estava em manutenção.

Os frigoríficos com os melhores resultados neste indicador são: Marfrig, Frigorífico Rio Maria, JBS SA, Masterboi, Minerva, Frigol, Mafrinorte, Fribev, Mercurio, Fortefrigo e Frigorífico Altamira.

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