Por André Garcia
Mesmo com uma queda de 40% no número de focos de calor em relação ao ano passado, Mato Grosso ainda lidera o ranking nacional em 2025. Entre janeiro e julho, foram 4.555 ocorrências, o equivalente a 15,7% do total registrado no Brasil, conforme dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A redução acompanha a tendência nacional de retração das queimadas, mas a destruição ainda preocupa no Estado, que abriga três dos principais biomas do País: Cerrado, Amazônia e Pantanal. Neste ano, cada um deles apresentou um comportamento distinto frente ao fogo.
No Cerrado, onde a vegetação é mais suscetível ao fogo e há menor proteção legal, já são 14.157 focos, quase metade do total registrado no País nos primeiros sete meses do ano. Apenas no primeiro semestre, o bioma teve 40.970 km² queimados, número superior aos 38.901 km² registrados no mesmo período de 2024.
Na Amazônia, os números caíram de 17.582 km² entre janeiro e junho de 2024 para 11.550 km² queimados no mesmo período de 2025. O número de focos também caiu, com 7.352 registros até julho. A Floresta ainda responde por um quarto de toda a área queimada em 2025, segundo o INPE.
Proteção traz resultados no Pantanal
Após uma temporada intensa de destruição em 2024, o Pantanal apresentou uma redução drástica nas queimadas neste ano. De janeiro a junho foram 322 km² queimados, frente aos 5.980 km² registrados no mesmo período do ano passado. Os focos também passaram de 9.167 para 125.
A melhora é atribuída por especialistas à Lei do Pantanal, que reforçou a proteção do bioma no Mato Grosso do Sul, estado que abriga a maior parte do território pantaneiro. Sancionada no ano passado, a norma estadual definiu regras mais rigorosas para o uso do fogo, restringindo as queimadas e ampliando o controle ambiental na região.
Cenário nacional
No cenário nacional, o Brasil registrou uma queda de 65% nas áreas atingidas por queimadas nos primeiros seis meses de 2025, totalizando 1.702.951 hectares afetados, conforme o MapBiomas. O número de focos de incêndio também diminuiu em relação ao mesmo período de 2024, ano marcado pela pior seca em 75 anos, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Municípios com mais focos
Situados em áreas de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia, três municípios mato-grossenses que figuram entre os dez com mais focos de calor no Brasil: Nova Maringá (234), Paranatinga (222) e Gaúcha do Norte (194). Todos eles estão em regiões marcadas pelo avanço da fronteira agrícola e alta pressão sobre a vegetação nativa.

Crédito: INPE
Proibição do uso do fogo
Desde junho e julho, o uso do fogo para limpeza e manejo de áreas rurais está proibido nos três biomas. No Cerrado e na Amazônia, a medida entrou em vigor em julho; no Pantanal, em junho. No perímetro urbano, a proibição é permanente, válida durante todo o ano.
O objetivo é conter os incêndios florestais no período de estiagem, quando o clima seco e os ventos fortes elevam significativamente o risco de propagação das chamas.
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