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Quase 80% do garimpo está a menos de 500m de cursos d’água

Quase 80% do garimpo está a menos de 500m de cursos d’águaÁreas de garimpo ilegal ao longo do Rio Mucajaí - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Por André Garcia 

Quase 80% das áreas de garimpo na Amazônia brasileira estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água, como rios, lagos e igarapés. Os dados, referentes a 2022, são do MapBiomas e mostram que a Amazônia concentra 92% de toda a área garimpada no País, um total de 241 mil hectares (ha), ou seja, 186 mil hectares ficam a menos de meio quilômetro de cursos d’água.

De acordo com o coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas, Cesar Diniz, a atividade na região é quase sempre ilegal, seja pela falta de licença, seja porque as licenças são inapropriadas, ou pelo fato de que os garimpeiros usam substâncias proibidas, como o mercúrio e o cianeto.

“Essa atividade é de alto impacto e alto risco na sua essência. Na Amazônia, ainda pior, porque 77% dela está literalmente ao lado de um grande rio, que é um dispersor dos problemas trazidos pelo garimpo”, explica Diniz ao reforçar que, com a proximidade aos rios, a dispersão dos poluentes relacionados ao garimpo é amplificada.

Segundo o técnico, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores do que os locais específicos de atuação dos garimpeiros.

Crédito: MapBiomas

Pistas de pouso

O levantamento do MapBiomas identificou também a quantidade de pistas de pouso em terras indígenas na Amazônia. A TI Yanomami lidera, com 75 pistas de pouso, seguida por Raposa Serra do Sol (58), Kayapó (26), Munduruku e Parque do Xingu (com 21 pistas cada). As imagens de satélite mostram que no interior delas há proximidade entre as pistas e o garimpo.

No caso Yanomami, um terço das pistas – 28 do total de 75, ou 33% – está a menos de 5 quilômetros de alguma área de garimpo. Percentual semelhante (34%) foi encontrado na terra Kayapó (nove de 26 pistas). Já no caso da TI Munduruku, 80% das pistas (17 de 21) estão a menos de 5 quilômetros de áreas de garimpo.

Terra indígena

Da área garimpada na Amazônia, 10% fica dentro de terras indígenas (TI), ou seja, 25,1 mil hectares. Os territórios indígenas mais ocupados por garimpeiros são as TI Kayapó, Munduruku e Yanomami, que concentram 90% da área garimpada dentro de terras indígenas.

Nas terras Kayapó, a área garimpada ocupa 13,79 mil hectares – dos quais 70% (9,6 mil) ficam a menos de 500 metros de algum curso d’água. Na Munduruku, o garimpo ocupa 5,46 mil hectares – 39% dos quais (2,16 mil) a menos de 500 metros da água. Na Yanomami, são 3,27 mil hectares de garimpo e 2,10 mil hectares (64%) a menos de meio quilômetro dos cursos d’água.

No Brasil, de 1985 a 2022, as TI perderam menos de 1% de sua vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas 26%.

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