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Quase metade da Amazônia pode colapsar até 2050, diz estudo

Quase metade da Amazônia pode colapsar até 2050, diz estudoBioma está em nove países, uma região com 40 milhões de pessoas. Foto: Agência Brasil

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Até 2050, de 10% a 47% da Amazônia estará exposto a ameaças graves e poderá sofrer uma transição, com perda de resiliência da floresta e conversão a outras formas do bioma, incapazes de cumprir o papel de sumidouro de carbono desempenhado pelo ecossistema. Como já mostramos antes, o fenômeno é chamado ponto de não retorno, quando a floresta já não encontra formas de retroalimentação e colapsa, total ou parcialmente.

Um novo estudo conduzido pelos pesquisadores brasileiros afirma que a amazônia está cada vez mais exposta a pressões, com aumento de temperaturas, secas extremas, desmatamento e fogo, mesmo nas áreas mais centrais ou nas mais remotas. O colapso do bioma pode ser local, regional ou mesmo total, o que agravaria as mudanças climáticas, cita a pesquisa, publicada pela Folha de São Paulo.

Outra composição florestal alternativa pode ocorrer na amazônia mais central, ao longo de rodovias como a BR-319 e a Transamazônica, aponta a pesquisa. Entre os limites críticos citados pelos pesquisadores, estão um aumento de temperatura acima de 1,5°C e desmatamento acumulado de 20% da cobertura florestal.

“Estamos nos aproximando de todos os limiares. No ritmo em que estamos, todos serão alcançados neste século. E a interação entre todos eles pode fazer com que aconteça antes do esperado”, diz Bernardo Flores.

O maior potencial de transição estaria associado a fronteiras de desmatamento, que se dão em lugares com projetos de grandes rodovias. Áreas mais remotas e maiores, associadas a unidades de conservação e terras indígenas, têm baixo potencial de transição, segundo os pesquisadores.

“Se quisermos evitar uma transição sistêmica, precisamos adotar uma abordagem preventiva que mantenha as florestas resilientes nas próximas décadas”, afirma Marina Hirota.

Em 2023, a amazônia brasileira viveu uma seca histórica, com recordes de baixas dos rios, incêndios e alteração radical do modo de vida das pessoas que vivem na região, especialmente em comunidades tradicionais.

A seca extrema durou mais do que estiagens anteriores, as chuvas foram bem mais escassas (na seca e na cheia) e rios secaram de uma forma drástica, deixando comunidades inteiras sem água potável, sem comida e sem meio de locomoção. Municípios como Manaus, a cidade mais populosa da Amazônia, com 2 milhões de pessoas, foram inundados por ondas de fumaça, por meses a fio.

O extremo climático na amazônia foi uma combinação dos efeitos do El Niño, do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, dasmudanças climáticas e da degradação da floresta. O que ocorreu em 2023 vai impactar 2024.

O bioma está em nove países, uma região com 40 milhões de pessoas, das quais 2,2 milhões são indígenas de 300 etnias, aponta o estudo. A perda de floresta impacta diretamente a vida nessas comunidades, dizem os pesquisadores.

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