Por André Garcia
Implantar Sistemas Agroflorestais (SAFs) em áreas já abertas do Cerrado pode ser uma alternativa lucrativa e segura para produtores que buscam diversificar a renda e se proteger das variações climáticas. Um estudo de caso realizado na Fazenda Mimoso, em Goiás, aponta taxa interna de retorno (TIR) de 13,4% ao ano, retorno sobre o investimento (ROI) de 1,78 e payback em sete anos — ou seja, o investimento se paga antes do oitavo ano de produção.
Esses resultados fazem parte de um estudo em que são avaliados modelos de produção que juntam plantio de árvores, agricultura e pecuária de forma integrada e sustentável, em áreas já abertas do Cerrado.
O modelo implantado na propriedade reúne banana nanica como cultura principal nos primeiros anos, associada a espécies nativas de crescimento rápido e árvores madeiráveis de longo prazo. A análise financeira mostra que o fluxo de caixa se torna positivo a partir do terceiro ano, quando a banana começa a gerar receita de forma constante.
Ao longo de 20 anos, o lucro acumulado por hectare ultrapassa R$ 60 mil, mesmo considerando cenários conservadores. O custo de implantação gira em torno de R$ 20 mil por hectare, com tendência de redução ao longo do tempo. O sistema também apresenta uma relação benefício-custo de 2,19, o que significa que a cada real investido, o retorno esperado é de R$ 2,19 — com R$ 1,19 de lucro.
“A diversidade de espécies com ciclos produtivos diferentes garante estabilidade de receita, mesmo em anos com variações de chuva, estiagens prolongadas ou excesso de calor. A cobertura vegetal ajuda a reter umidade no solo, melhora a estrutura física da terra e oferece sombra para culturas sensíveis ao calor excessivo”, mostra o estudo.
Diversificação reduz riscos e garante mais estabilidade
Além de viável financeiramente, o sistema agroflorestal adotado na Fazenda Mimoso traz vantagens importantes no enfrentamento das mudanças climáticas. A diversidade de espécies com ciclos produtivos diferentes garante estabilidade de receita, mesmo em anos com variações de chuva, estiagens prolongadas ou excesso de calor.
O relatório aponta que a presença de árvores ajuda a criar um microclima mais equilibrado, reduzindo a temperatura no solo, aumentando a umidade e protegendo as culturas mais sensíveis. A cobertura vegetal contínua também diminui a perda de nutrientes, melhora a estrutura do solo e reduz a necessidade de irrigação e insumos externos.
Esses fatores contribuem para a resiliência do sistema, que consegue manter a produtividade ao longo do tempo sem depender de tecnologias caras ou pacotes prontos. É um modelo que alia segurança produtiva, recuperação ambiental e geração de renda — especialmente em regiões mais vulneráveis a extremos climáticos, como o Cerrado.
LEIA MAIS:
Dia da Floresta: bioeconomia é aposta para proteger Amazônia
Agroflorestas podem reverter calor extremo e garantir rentabilidade
Sistema agroflorestal pode gerar receita de R$ 260 bi; veja exemplos
Da Amazônia ao Cerrado, cacau avança com produção em sistema agroflorestal
Agro pode liderar estratégias para transformar biodiversidade em ativo financeiro
Mais rentável que soja, cacau quer assumir protagonismo em MT
Fundo quer investir meio bilhão na agricultura regenerativa em Goiás
Confira cinco mitos sobre agricultura regenerativa
Pecuarista aumenta produção em 10x com estratégia regenerativa
Agricultura regenerativa pode triplicar lucro em fazendas de MT