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Sistema agroflorestal pode gerar receita de R$ 260 bi; veja exemplos

Sistema agroflorestal pode gerar receita de R$ 260 bi; veja exemplosSaf concilia plantas arbóreas nativas, frutíferas. Foto: Secom-MT

Agricultura familiar terá novo cadastro a partir desta terça-feira
Agroecologia traz aumento de 40% em vendas de pequenos produtores do norte de MT
Sistema Agroflorestal pode dobrar produção de alimentos no Brasil

Por André Garcia

Ao recuperar 1,02 milhão de hectares de área desmatada usando modelos de Sistemas Agroflorestais (SAFs), o Brasil pode gerar R$ 260 bilhões de receita líquida. Para chegar a este valor, o investimento necessário corresponde a R$ 33,1 bilhões, ou seja, o retorno é quase oito vezes maior que a aplicação, segundo estudo do Instituto Escolhas.

Como já noticiado pelo Gigante 163, a opção pelos SAFs como método de recuperação florestal é endossada por apresentar vantagens imediatas para os agricultores, especialmente os familiares.

“Os SAFs permitem o retorno do investimento em curto prazo, graças às culturas agrícolas de ciclo rápido, e, ao mesmo tempo, asseguram a renda em longo prazo, graças ao cultivo de espécies perenes”, explica a gerente de projetos do Escolhas, Patrícia Pinheiro.

Para quem não está familiarizado com o termo, os Sistemas Agroflorestais se caracterizam pelo plantio consorciado de plantas arbóreas nativas, frutíferas e/ou madeireiras e de cultivos agrícolas de maneira simultânea ou sequencial. Alguns deles incluem a criação de animais.

Cacau no Norte de MT

Um bom exemplo da estratégia é o da startup de reflorestamento Belterra, que receberá investimento de R$ 33 milhões da Cargill para fortalecer a produção de cacau no norte de Mato Grosso e, de quebra, restaurar 1.000 hectares de áreas degradadas.

Com renda líquida de até R$ 10 mil por hectare, valor bem superior aos cerca de R$ 3 mil registrados pela soja, a fruta pode garantir desenvolvimento econômico e social a pequenos agricultores de Alta Floresta, Carlinda e Paranaíta. Foi o que contou o CEO da empresa, Valmir Ortega.

“Não estamos falando de monocultura de cacau. Haverá um conjunto de outras espécies, como mandioca, banana e milho. Isso tudo, pensando tanto na comercialização e geração de renda, quanto no papel que estas plantas exercem na recuperação do solo”, afirma.

Subsistência e geração de renda

Outro caso de sucesso vem de pequenos produtores de Sinop e Cláudia. Desde 2019 eles fazem parte do projeto Gaia – Rede de Cooperação para Sustentabilidade, que alia a regeneração do solo e diversificação produtiva a questões sociais, tendo aumentado em 40% suas vendas a partir de práticas da agroecologia, o que inclui os SAFs.

“Muitas pessoas acham que a produção agroecológica é só para subsistência, o que em um primeiro momento, faz sentido, já que é preciso garantir a segurança alimentar da própria família. Mas essas pessoas precisam ter uma viabilidade econômica, senão, não tem porque permanecer no projeto. É preciso ter renda digna e apoio para produzir”, explica a coordenadora do projeto, a bióloga Rafaella Felipe.

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