A guerra comercial entre EUA e China está alterando o cenário do mercado global de carne bovina, abrindo espaço para o Brasil e a Austrália consolidarem sua presença. Enquanto as tensões entre Washington e Pequim fazem as importações de carne norte-americana despencarem, as compras chinesas de produtos brasileiros e australianos crescem de forma significativa, indicando uma nova dinâmica de mercado.
Em agosto de 2025, a China impulsionou suas importações de carne bovina, com o Brasil liderando o avanço. Segundo a Agência Reuters, as exportações brasileiras atingiram 359,4 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 1,66 bilhão. Esse crescimento contrasta com a queda drástica das compras dos Estados Unidos, que despencaram para apenas US$ 9,5 milhões, um resultado direto da expiração de licenças de frigoríficos norte-americanos. A Austrália, por sua vez, aproveitou a lacuna, elevando suas vendas de uma média mensal de US$ 140 milhões para US$ 226 milhões no mesmo período.
Avanço histórico
No acumulado de janeiro a agosto, as exportações brasileiras totalizaram 2,41 milhões de toneladas, com um crescimento de 19% em relação ao ano anterior, e uma receita de US$ 10,8 bilhões, um avanço de 34%. A China foi o principal motor desse crescimento, responsável por quase 40% do volume, importando 948,4 mil toneladas, o que representa um aumento de 41% em relação a 2024. Somente em agosto, as compras chinesas de carne bovina brasileira subiram 50%, passando de 106 mil toneladas em 2024 para 158 mil toneladas em 2025.
Analistas de mercado indicam que a carne australiana, com características semelhantes à oferta americana, está se consolidando como uma alternativa no mercado chinês. No entanto, o Brasil se mantém como um fornecedor altamente competitivo, impulsionado pela alta demanda e preços favoráveis. O impasse contínuo entre as potências comerciais cria um cenário desafiador para os exportadores dos Estados Unidos, dificultando seu retorno ao mercado chinês, que é o maior importador mundial de carne bovina.
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