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Despesa elevada e rentabilidade baixa preocupam pecuaristas de MT

Despesa elevada e rentabilidade baixa preocupam pecuaristas de MTO temor é que haja um desestímulo generalizado da atividade. Foto: Embrapa

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O desequilíbrio entre receita e despesa tem preocupado os pecuaristas de corte do Noroeste de Mato Grosso, que apostam na cautela e no planejamento para garantir a rentabilidade e a permanência na atividade. A situação faz parte da realidade dos produtores de Brasnorte (587 km de Cuiabá), onde o rebanho beira os 500 mil bovinos.

“Não tem nada que estimula hoje a pessoa aumentar o gado dentro do confinamento. A pecuária está bem desmotivada mesmo por falta de renda. Acredito que em um futuro a pecuária vai ter uma menor oferta tanto de bezerro quanto do próprio boi gordo.”

Foi o que disse o presidente do Sindicato Rural de Brasnorte, Cléber José dos Santos Silva ao Canal Rural. De acordo com ele, o temor é que haja um desestímulo generalizado da atividade no município.

Um exemplo disso vem do pecuarista Aldo Rezende Telles Júnior, que possui um rebanho de quase 15 mil cabeças na região, com foco nos sistemas de cria e engorda. Em sua propriedade, que já chegou a vender animais acima de R$ 320 a arroba, a faixa hoje é de R$ 240 a R$ 250 a arroba do Boi China.

Diante disso, ele contratou uma empresa de consultoria especializada para obter um controle mais eficiente dos custos. “A gente vem vendo que ano a ano, mês a mês, principalmente nesse ano de 2022, a receita e o custo estão muito parecidos. Do começo do ano até hoje já perdemos na arroba do boi quase 24% de remuneração”, contou.

Sem perspectiva 

Para o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, não haverá reação do mercado a curto prazo, motivo pelo qual recomenda cautela aos pecuaristas. Em entrevista ao Canal Rural, ele também apontou a desatualização de preços como fator prejudicial ao mercado.

“Nossos custos aumentaram. É uma incógnita. A gente não tem muita perspectiva. O que estamos orientando o produtor é refazer seus custos hoje e analisar bem o que vai fazer. No último trimestre, que sempre a gente espera os melhores preços da arroba, está completamente ao contrário. Nós estamos com preços de dois anos atrás”, disse Ribeiro Júnior.

Repensando o negócio

O cenário pede, além de cuidado, estratégia. No caso de Telles Júnior, uma das alternativas encontradas foi a intensificação da recria, que garante a produção de uma arroba com custo mais baixo.

“A gente fica muito preocupado, porque como vamos manter engordando e terminando animais no semi-confinamento ou no confinamento? Então, fica muito difícil escolher bem a categoria para levar para o cocho porque senão vai fechar no vermelho”, disse o pecuarista.

Também foi preciso repensar a engorda. “A gente vem usando, por exemplo, na engorda milho na média de R$ 63. Está ficando muito estreita a margem na engorda, principalmente que é onde tem levado boa parte do investimento e do custo. Vamos ter que repensar o negócio”.

Na propriedade de Mariana Vilarindo Andrzejewski Matias, o sinal de alerta está ligado, já que a rentabilidade está abaixo dos custos e não há expectativa de melhora. Embora ela tenha decidido manter o gado já em fase de terminação, os animais que entrariam agora neste estágio serão soltos no pasto, até que o mercado dê algum sinal.

“A estratégia é até repensar a nossa linha de produção, diminuir o número de animais, ver se continuamos o ciclo completo ou se faz só cria ou só recria e engorda, para ver o que compensa mais na nossa realidade”, afirma Matias.

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