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Em Sidrolândia (MS), JBS é acusada de trabalho escravo de terceirizados

Em Sidrolândia (MS), JBS é acusada de trabalho escravo de terceirizadosSindicato alega que grupo JBS deve fiscalizar terceirizadas. Foto: Divulgação JBS

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A multinacional JBS, dona da marca Seara, é acusada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados (Sindaves) de submeter funcionários terceirizados, dentre os quais 15 indígenas, a condições degradantes em Sidrolândia, a cerca de 100 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. As informações são do Globo Rural.

A Seara foi procurada pela reportagem e alegou  que, assim que soube do caso, exigiu que o fornecedor cumprisse todas as regras trabalhistas. Foram citadas no processo: a Auto Fossa Raposão, Emanuel Apanha de Aves e o Grupo Domingues Movimentadora de Aves.

Sérgio Bolzan, vice-presidente do sindicato, disse à reportagem que, na maioria dos casos, os trabalhadores têm carga horária superior a 12 horas diárias sem direito a intervalo.

“Eles saem daqui de Sidrolândia e vão mais de 100 quilômetros pegar frango. Muitas vezes chegam a trabalhar 14 horas”.

O Sindaves alega que os trabalhadores não recebem adicionais por insalubridade em atividades de risco, não têm equipamento de proteção individual adequado para exercer algumas funções e são submetidos a condições precárias nas granjas. Além disso, 30% dos aviários não contam vestiário e refeitório. Os trabalhadores sentam no chão para comer, não há onde esquentar a comida e, ainda, não possuem banheiros adequados, espaços para troca de roupa de forma privativa.

Responsabilização

Bolzan conta que a companhia tenta responsabilizar apenas as empresas terceirizadas, mas decisões judiciais evidenciam que ela também é responsável por fiscalizar as prestadoras de serviço. Ele ressalta que é a JBS que estabelece a programação das rotas e jornadas.

“Essa discussão já ocorreu várias vezes. Entramos em contato com a responsável pelo setor jurídico, e ela não deu retorno”, disse.

O vice-presidente do sindicato conta que em abril 15 indígenas foram flagrados em condições de trabalho similares à escravidão. A JBS e as terceirizadas também não forneciam comida, água, utensílios de cozinha e itens de higiene pessoal dos trabalhadores, de acordo com ele.

“Após a denúncia, eles foram demitidos, mas não tinham carteira assinada, estavam irregulares. E não foi feito o acerto (da rescisão)”, completou.

A Seara, por sua vez, alegou em nota que, assim que tomou conhecimento do caso dos indígenas, exigiu do fornecedor terceirizado o cumprimento das regras trabalhistas.

“A Seara reforça que mantém rígidos protocolos e controles em suas operações para garantir que todos os seus fornecedores cumpram suas obrigações legais e de bem-estar de seus funcionários, tais como fornecimento de EPIs, (equipamento de proteção individual) qualidade no transporte, segurança e condições de trabalho, entre outros”, informou o comunicado.