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Frete representa até 40% do valor pago pela soja, mostra Esalq-Log

Frete representa até 40% do valor pago pela soja, mostra Esalq-Log

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O encarecimento do frete, de 13% no acumulado do ano, além de se refletir nos custos da cadeia, pesa sobre a precificação dos produtos agrícolas, reduzindo a competitividade dos grãos brasileiros e a rentabilidade dos produtores, segundo especialistas em logística.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) estima que a despesa no Brasil para levar soja até o porto seja 80% maior do que a média dos outros países. Levantamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Esalq/USP (Esalq-Log) mostra que todo o custo logístico – somando gastos rodoviários e portuários – alcança entre 30% e 40% do valor pago pela soja.

“Todos esses custos se refletem no preço final do alimento. Na ponta, quem sente o impacto é o consumidor”, avalia o pesquisador do Esalq-Log, Fernando Pauli de Bastiani.

Na última safra, apesar do aumento do valor do transporte de 35% em comparação com 2019/20, o frete representou em média de 10% a 15% do valor pago pela soja em Sorriso (MT) ante fatia de 20% a 25% reportada na temporada anterior, segundo dados do Esalq-Log.

Na avaliação de Bastiani, a valorização da commodity compensou os reajustes de movimentação de cargas.

“Para Mato Grosso, maior produtor de soja e milho do País, o custo da logística representa uma fatia importante do preço recebido pelos grãos, já que o Estado está longe dos portos”, apontou o pesquisador.

O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, observa que, na prática, o frete é pago pelo comprador do grão (trading ou fábrica doméstica) e não pelo produtor. Contudo, o valor do transporte é embutido no preço ofertado pelo comprador para a commodity, o que interfere na rentabilidade dos agricultores.

“No fim, quem paga a conta é o produtor, pois a fixação do valor da soja é definido pelo preço do produto no porto, incluindo todos os gastos logísticos que são descontados do comprador para o produtor”, comentou Ferreira.

A FPA estima que a logística represente metade do custo de produção agrícola e que o frete foi um dos principais componentes de alta do custo entre as safras 2019/20 e 2020/21.

Para o Movimento Pró-Logística, essa situação pode ser aliviada com a execução dos projetos públicos e privados para diversificação dos modais ferroviários e hidroviários e com investimentos especialmente no Arco Norte.

De acordo com dados do movimento, 65% da safra brasileira ainda é movimentada por rodovias. “Não há gargalo para exportação da safra, porém há custo elevado. Quando a Ferrogrão for viabilizada, conseguiremos ter frete mais atrativo”, projeta Ferreira, citando a ferrovia EF-170, que vai ligar os Estados de Mato Grosso e Pará.

O movimento cita também a expansão da Ferronorte (EF-364, que liga Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), a conclusão da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico, que liga Mato Grosso e Goiás) como projetos em desenvolvimento para ampliação do modal ferroviário. “Se esses projetos saírem, teremos daqui a alguns anos uma melhoria muito grande no modal ferroviário brasileiro”, considera Ferreira.

No modal hidroviário, o setor espera maior oferta de transporte e menor custo mediante a aprovação da BR do Mar, que tramita no Senado Federal.

“Hoje, levar produto do Rio Grande do Sul para Recife (PE) é mais caro do que transportar do Rio Grande do Sul para a China porque temos custos elevados de tripulação e óleo combustível marítimo”, explicou Ferreira. O movimento defende também como ações necessárias a ampliação da hidrovia no Rio Tocantins e a viabilização do uso do Rio Tietê, após dragagem.

Fonte: Estadão Conteúdo

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