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Nova rota da Ferrogrão evita terras indígenas

Nova rota da Ferrogrão evita terras indígenasA Ferrogrão começou a ser idealizada em 2012. Foto: ANTT

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A Ferrogrão, ferrovia planejada para ligar Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), voltou a ser discutida após a apresentação de um novo traçado pela Estação da Luz Participações (EDLP), idealizadora do projeto. Com 933 km de extensão e custo estimado em R$ 25 bilhões, a proposta prevê evitar áreas indígenas e unidades de conservação, segundo a empresa.

O empresário Guilherme Quintella, fundador da EDLP, esteve em Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde para apresentar o novo traçado.

“O projeto agora está com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), que vai encaminhar nos próximos meses — acho que em setembro — para o TCU (Tribunal de Contas da União), que vai analisar. Com o TCU autorizando, o governo vai licitar no primeiro semestre de 2026”, disse Quintella em conversa com o AgFeed.

Logística e impacto ambiental

A ferrovia seguirá o traçado da BR-163, aproveitando a faixa de domínio da rodovia. Segundo a EDLP, cerca de 60% da área já está desmatada. A empresa prevê o plantio compensatório de 2 mil hectares e estima redução de 40% nas emissões de CO₂ em Mato Grosso — o equivalente a 3,4 milhões de toneladas por ano.

O estudo também aponta vantagens logísticas. Uma composição ferroviária substituiria 422 caminhões, e o custo médio de frete cairia para US$ 34 por tonelada entre Lucas do Rio Verde e o porto de Barcarena, via hidrovia do Tapajós. Outras rotas analisadas teriam custo de até US$ 76 por tonelada.

Segundo Guilherme Quintella, ao menos dois grupos econômicos — incluindo empresas estrangeiras — já demonstraram interesse na futura licitação da ferrovia.

“Grupos estrangeiros e grupos nacionais têm nos procurado e procurado o Ministério dos Transportes, a ANTT, que é o local onde o projeto está hoje, para que possam ter o reconhecimento do projeto e se prepararem para a disputa do leilão do ano que vem.”

Judicialização e críticas

A Ferrogrão começou a ser idealizada em 2012, a partir de uma parceria entre a EDLP e grandes tradings do agronegócio, como ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Company. A proposta buscava alternativas para o escoamento da safra, com foco na redução dos custos logísticos e no aumento da competitividade no mercado internacional.

Paralisado em 2021 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o projeto foi liberado para novos estudos técnicos em 2023. O processo de licenciamento ambiental segue como condição para o início das obras.

Organizações indígenas e socioambientais, como o Instituto Kabu e a Aliança #FerrogrãoNão, deixaram o grupo de trabalho criado pelo governo federal, criticando a falta de participação efetiva e transparência. Segundo nota divulgada à época, o comitê foi “esvaziado” e dominado por decisões unilaterais.

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