HomeEconomia

Projeto capta água da chuva e melhora qualidade de vida de moradores de Cáceres

Projeto capta água da chuva e melhora qualidade de vida de moradores de CáceresBarraginhas foram as mais eficientes para armazenar água da chuva. Foto: Empaer-MT

Especialistas denunciam degradação dos recursos hídricos do Cerrado
Uso excessivo de água limita futuro da irrigação no Matopiba
Contra perda R$ 80 bi por ano, Brasil precisa diversificar matriz energética, diz economista

A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer ) e parceiros estão desenvolvendo, desde 2009, no município de Cáceres (225 km de Cuiabá), o projeto Plantando Água no Pantanal, com o objetivo de solucionar o problema da falta d’água nas comunidades do Alto Pantanal. A iniciativa consiste em usar a água das chuvas para abastecer o lençol freático.

Aplicado em uma região com sete assentamentos, 360 famílias, três escolas rurais e fazendas, todos envolvidos ativamente na implantação das tecnologias sociais, sustentáveis e de educação ambiental, o projeto conta com parceiros como Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e Embrapa.

A região está localizada em uma área de fronteira com a Bolívia, que ao longo de 13 anos vem buscando alternativas para captação de água de chuva por meio de cisternas, pequenas barragens, lagos de uso múltiplo, biofossa e reservatório para piscicultura, entre outros.

Nesse período, o que mais demonstrou potencial para reverter o problema sistêmico de escassez hídrica no Pantanal foram as barraginhas, construída pela Embrapa, por conter o escoamento superficial da água das chuvas, forçando sua infiltração no perfil do solo, de forma a mantê-la no agroecossistema local.

“Água é básico para começar”

João Rezende da Silva mora há 23 anos na região. Ele conta que no começo só havia água em propriedades com poços artesianos.

“Há casos em que eram perfurados até 400 metros de profundidade sem encontrar água. Era desesperador. Tive sorte, porque em meu sitio a água estava a 10 metros. Caso contrário, já teria ido embora”, lembra.

Produtor de leite, João conta que, se não fossem as barraginhas, a comunidade seria como uma cidade fantasma.

“Conseguimos nos adaptar a quase tudo, mas a água é o básico para começar. No resto, corremos atrás”.

A diretora da Escola Estadual 12 de Outubro, Jennifer Bianca Leite dos Santos, lembra que, depois de implantadas as barraginhas, a vida ficou menos difícil para os moradores e produtores da região.

“A proposta de se ter uma escola começou em 2013, mas a falta d’água era um impedimento. Graças ao projeto, a unidade escolar está de pé, com 280 alunos e previsão de aumentar, no próximo ano, para 350 ou 400 estudantes no ensino médio, fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos)”.

Jennifer ressalta que parece um paradoxo pensar que no Pantanal falta água.

“Na escola, temos um reservatório de água de chuva de 100 mil litros. Com esta reserva, conseguimos funcionar, durante os meses sem chuva, tanto na limpeza da unidade quanto na horta e pomar”, completa a diretora.

Empaer

Auxiliando neste trabalho e, em alternativas complementares, técnicos da Empaer vêm, desde, então prestando assistência técnica aos moradores, realizando levantamento altimétrico topográfico, demarcações das barraginhas e acompanhamento da execução da iniciativa. Atualmente, a equipe do escritório local acompanha os trabalhos junto à equipe do Incra, como explica o técnico da Empaer, Jackson Ferreira da Silva.

“A meta é ampliar o projeto e atingir os milhares de animais silvestres que passam sede na época crítica da seca. Por isso, plantar água no Pantanal é a forma mais viável ambiental e socialmente no momento”.

O perito federal agrário do Incra e engenheiro agrônomo Samir Curi destaca a parceria com a Empaer que, segundo ele, é um braço importante em todo trabalho para dar qualidade de vida aos moradores desta região do Pantanal.

Fonte: Empaer-MT