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Confira 4 desafios do manejo de solo na agropecuária moderna

Confira 4 desafios do manejo de solo na agropecuária modernaSistemas como ILPF são importantes para estocar carbono no solo. Foto: Embrapa

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Por Vinicius Marques

Décadas atrás, os pioneiros da agricultura passaram por diversos desafios para fazer da agropecuária brasileira o que ela é hoje. Com o avanço da ciência e do agronegócio, muitos contratempos no manejo de solos foram superados, trazendo outros para a próxima geração de produtores.

O Gigante 163 conversou com Silvio Spera, produtor de Nova Santa Helena (MT) e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, para entender o que mudou ao longo dos anos e quais os principais desafios enfrentados pela agricultura moderna no Brasil. Confira!

1. Recuperar e reutilizar áreas degradadas

Segundo Spera, a agricultura do passado pode ser considerada itinerante, ou seja, quando os nutrientes de uma área eram esgotados, a produção seguia para um próximo local, convertendo mais florestas em campo para plantação. O cerrado, por exemplo, passou a ser desmatado para a aplicação da pecuária extensiva, que utilizava pastagens de má qualidade, contribuindo para o desgaste da terra.

Além disso, os investimentos para restaurar solos antigamente eram altos e poucos estudos apontavam soluções para a reutilização desses terrenos.

“Hoje, há uma demanda por novas terras e estamos aproveitando as áreas que foram abertas no passado e se degradaram com pastagens muito ruins”, conta Spera, em entrevista exclusiva ao Gigante 163. O solo está sendo recuperado por sistemas de produção intensificada — incorporando à terra bastante carbono — e técnicas de regeneração”, diz o pesquisador. “Nós precisamos reocupar essas áreas degradadas e tirar pressão das florestas.”

2. Adotar técnicas e produtos eficientes

Muita coisa mudou no manejo de solos do Brasil, de acordo com Spera. Nas décadas de 20 e 30, por exemplo, técnicas como a aração e curvas de nível eram as principais, aplicando poucos corretivos de solo. A erosão, de acordo com o pesquisador, passou então a ser um problema frequente e por muito tempo. Foi a partir dos anos 80 que a Embrapa passou a explorar mais pesquisas na parte de adubação e sistemas de produção, buscando alternativas mais eficientes, econômicas e sustentáveis.

“Um dos objetivos, hoje, da agricultura moderna é estudar maneiras sustentáveis e lucrativas de manter e aumentar a fertilidade do solo, para além das soluções tradicionais”, afirma.

3. Aliar lucratividade à sustentabilidade

Uma forte demanda do mercado interno e do global são por produtos sustentáveis. Para isso, agricultores têm buscado uma maior profissionalização, estando sempre informados de práticas e meios de produção que possam contribuir para a sustentabilidade de suas culturas.”Um deles é o ILPF (Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta)”, conta Spera.

O ILPF nada mais é que a junção entre a produção agrícola e a pecuária intensiva aliadas a serviços ecossistêmicos que as reservas e demais áreas de floresta oferecem. Consiste em uma estratégia de produzir, intensificando a massa verde e o armazenamento de carbono.

4. Controlar a gestão de carbono

De acordo com Spera, o foco, daqui para frente, será pensar em sistemas de produção que permitam emitir cada vez menos carbono, estocando-o no solo. Uma vez sabendo que não é possível praticar agricultura sem emitir gases de efeito estufa (GEE) à atmosfera, acredita o especialista, o desafio principal é realizar a adequada gestão dessa emissão, retirando do ar a mesma quantidade liberada de GEE.

“O principal estoque de carbono é o solo, em segundo lugar, a vegetação”, explica Spera. “Por isso, sistemas como ILPF são importantes. Nós temos que dar nossa contribuição ao ciclo do carbono, ao invés de prejudicá-lo.”

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