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Produtor de soja e milho deve ter pior prejuízo em 25 anos, diz Cepea

Produtor de soja e milho deve ter pior prejuízo em 25 anos, diz CepeaQueda na produtividade e nos preços de venda prejudicaram safra. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

Afetados pelas mudanças climáticas, produtores de soja e milho deverão registrar o maior prejuízo dos últimos 25 anos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Mesmo com uma produtividade de milho considerada boa em regiões como Sorriso/MT, os preços praticados não serão suficientes para cobrir os custos totais da safra de 2023/2024.

Em reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), na terça-feira, 2/4, o pesquisador Mauro Osaki explicou que na safra de soja 2023/24 houve queda na receita líquida operacional causada pela redução de 18,4% nos preços médios e de 18,2% na produtividade.

Esses dois fatores superaram o efeito positivo da redução de 36% no custo de fertilizantes e de 24% nos gastos com sementes. Sendo assim, os produtores deverão registrar prejuízo com qualquer produtividade abaixo de 50 sacas por hectare e com qualquer preço abaixo de R$ 100 por saca.

“No caso de Sorriso, por exemplo, mesmo com uma produtividade de 120 sacas por hectare e o preço atual de R$ 38, o saldo positivo estimado é de apenas R$ 3 por hectare. Isso não é o suficiente para cobrir os custos totais, especialmente os relacionados à soja”, destacou Osaki.

Ou seja, embora as estimativas para a safra de inverno de milho estejam melhores, a rentabilidade ainda é insuficiente para cobrir os prejuízos da oleaginosa.

“Em 23/24 tivemos ainda dispersão de planejamento de plantio, algumas áreas fora do plantio ideal, então temos um conjunto de cenários de cada produtor. É uma safra bastante complexa, diferente da safra anterior, onde tudo se encaixou”, pontuou o pesquisador.

Além de Sorriso, os cálculos envolvem outras quatro das principais praças de produção de soja e milho no país: Rio Verde (GO), Dourados (MS), Cascavel (PR) e Carazinho (RS).

Durante a reunião, o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Cleiton Gauer, acrescentou que o mês de abril será crucial para a safra brasileira, principalmente para a segunda safra de milho.

“As projeções climáticas para abril vinham apontando para redução de volume de chuva. Contudo, quando olhamos as previsões dos próximos 15 dias, há um volume interessante que pode acontecer e isso pode trazer algumas surpresas na produção, mas ainda é cedo para afirmar. Quando falamos de clima, a incerteza acaba sendo maior.”

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