Por Renata Vedovato
O avanço de tecnologias digitais, sensores, bioinsumos e inteligência artificial consolidou um novo movimento: o da agricultura inteligente e sustentável. Mais do que tendência, essa integração tecnológica tem se mostrado essencial para reduzir impactos ambientais, aumentar produtividade e atender às exigências de mercados e consumidores por transparência e responsabilidade socioambiental.
Ferramentas como drones, satélites, sensores e plataformas de dados permitem que o produtor monitore o solo, o clima e o uso da água em tempo real, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), essas inovações fazem parte do conceito de Agricultura 5.0, que alia conectividade e sustentabilidade.
Diferente da Agricultura 4.0, que se concentra na automação e coleta de dados, a Agricultura 5.0 foca na integração da Inteligência Artificial (IA) e da Internet das Coisas (IoT) para otimizar a tomada de decisão e personalizar a produção, colocando o ser humano e a sustentabilidade no centro do processo.
Bioinsumos ganham força
Um dos destaques é o crescimento acelerado dos bioinsumos — produtos biológicos usados para substituir fertilizantes e defensivos químicos. Segundo dados da CropLife Brasil, a adoção de bioinsumos cresceu 13% na safra 2024/2025, uma taxa quatro vezes superior à média global.
O uso dessas soluções aumentou a área potencial tratada para 156 milhões de hectares no País, impulsionado pelo manejo integrado de defensivos químicos e biológicos.
“Os bioinsumos são um dos pilares da sustentabilidade no agro brasileiro, permitindo uma produção mais limpa, competitiva e alinhada à agenda climática global”, afirmou Mariane Vidal, coordenador do Programa Nacional de Bioinsumos do MAPA.
Além de reduzir custos, os bioinsumos ajudam na regeneração do solo, aumentam a resiliência das plantas e diminuem as emissões associadas à produção agrícola. O crescimento do setor é sustentado por um forte investimento em P&D e pela busca do produtor por maior eficácia no controle de pragas e doenças, que se tornam mais resistentes na agricultura tropical.
Conectividade rural e inteligência de dados
Outro avanço vem da agricultura de precisão, que usa sensores e análise de dados para otimizar o uso de insumos. Plataformas digitais e aplicativos integram dados de satélites, estações meteorológicas e maquinário agrícola, tornando as decisões de manejo mais assertivas.
“A adoção de tecnologias digitais no campo é uma das mais relevantes transformações do setor agropecuário nas últimas décadas, e representa um salto de produtividade e sustentabilidade”, diz Gustavo Xavier, pesquisador da Embrapa.
Com a expansão da conectividade rural e o uso de Internet das Coisas (IoT), o produtor pode hoje acompanhar a lavoura no celular e agir rapidamente para evitar perdas. Estudos da Embrapa apontam que a transformação digital é um fator decisivo para a modernização do agronegócio, sendo a IA e a IoT as tecnologias que mais impulsionam a eficiência operacional e a gestão de riscos.
Sustentabilidade com base em evidências
O avanço tecnológico também fortalece a mensuração dos impactos ambientais da produção. Startups e cooperativas vêm utilizando inteligência artificial para calcular emissões de carbono, uso de água e conservação do solo — dados que servem tanto para certificações quanto para o acesso a crédito verde.
“Tecnologia e sustentabilidade deixaram de ser caminhos paralelos. Hoje, uma depende da outra. Quem investe em inovação está, na prática, reduzindo o impacto ambiental e aumentando a eficiência do campo. A mensagem é clara: investir em inovação é investir em sustentabilidade,” afirma Xavier.

