O mercado de insumos biológicos virou prioridade estratégica dentro da Syngenta. Desde 2020, quando adquiriu a italiana Valagro, o segmento cresce de forma consistente em dois dígitos e passou a receber entre 10% e 15% do investimento global em pesquisa, percentual que deve aumentar ano após ano.
No centro dessa expansão está o Brasil, apontado pela multinacional como o país com maior velocidade de adoção e maior potencial para consolidar o uso de biológicos em larga escala. Foi o que contou, ao Globo Rural, o brasileiro Emilhano Lima, que assumiu em setembro a liderança global de Tratamento de Sementes e Biológicos.
“Acreditamos que o Brasil é o país que mais vai crescer em termos de adoção. Há certas características aqui que não temos em outros lugares. A primeira é a questão climática, do desafio do agricultor brasileiro. A segunda é o empreendedorismo. E a terceira é o investimento que estamos fazendo no Brasil também para adaptar para as questões locais”, elenca.
Segundo ele, a dinâmica produtiva do campo brasileiro vem acelerando a estratégia mundial da empresa. O país cresce quatro vezes mais que a média global no mercado de biológicos, e a taxa de adoção de soluções de biocontrole já alcança 60% dos produtores na safra 2024. Na Europa, esse índice varia entre 25% e 30%.
Hoje, 30% de todo o portfólio global de biológicos da Syngenta é destinado ao Brasil. A tendência é de avanço, impulsionada por três fatores citados pelo executivo: condições climáticas que pressionam o manejo, perfil empreendedor dos produtores e investimentos para adaptar tecnologias às necessidades locais.
Um desses aportes é o centro de desenvolvimento em Paulínia (SP), que recebeu R$ 65 milhões em 2024, parte voltada justamente à pesquisa de novas formulações biológicas.
Parceria para controlar lagarta-do-cartucho
Dentro dessa estratégia, a empresa anuncia parceria com a americana Provivi para distribuir, no país, um biológico à base de feromônios, voltado ao controle da lagarta-do-cartucho, praga que afeta milho, soja e algodão. Sem controle adequado, as perdas podem chegar a 40% ou 60% das lavouras, representando cerca de R$ 10 bilhões de prejuízo ao ano no Brasil.
A tecnologia, usada principalmente em frutas e hortaliças na Europa, foi adaptada para grandes culturas. O produto combina três feromônios encapsulados, liberados de forma lenta e contínua, com o objetivo de impedir o acasalamento da praga. O dossiê regulatório foi submetido no início de 2024, e a expectativa é de que o registro seja concedido entre o fim de 2026 e o início de 2027.
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