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Artigo: Cinco dicas para iniciar o processo de profissionalização da sua propriedade rural

Artigo: Cinco dicas para iniciar o processo de profissionalização da sua propriedade rural

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Gigante 163 convidou diversos especialistas, produtores e influenciadores para colaborar com conteúdos que interessam os nossos leitores – profissionais do agronegócio. Uma das propostas do nosso site é visar o sucesso contínuo dos produtores do Mato Grosso. A convidada para este artigo trabalha para este fim também! Mariely Biff, de Diamantino – MT, é consultora em sucessão e governança familiar do agro. Além disso, é coautora do livro Mulheres do Agro e colunista no Canal Rural e na Agrishow. Melhor colaboradora para um artigo sobre a profissionalização de propriedades não há!

  Encontre outras matérias de convidados aqui, e aproveite o artigo da Mariely abaixo. 

Independentemente do tamanho, o negócio rural deve estar sempre em busca da profissionalização, sendo esta uma grande aliada no processo de continuidade do legado.

A sucessão é uma preocupação da maioria dos negócios familiares. Porém, muitas vezes nenhuma ação é realizada e o processo deixa de ser iniciado no momento necessário.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmam que 90% das empresas no Brasil são familiares, representam 65% do PIB e empregam 75% dos trabalhadores brasileiros.

Porém, ainda há uma lacuna que impede a continuidade, principalmente na transferência da gestão de uma geração para a outra. Isso se deve por vários motivos, e um dos mais relevantes é a falta de profissionalização do negócio.

No Mato Grosso, temos realidades bem distintas:

– Grandes grupos que já estão profissionalizados, com governança implantada e com a tomada de decisão amparada pelos Conselhos estruturados;

– Produtores que já estão organizados e buscando por profissionalização;

– Produtores que ainda necessitam primeiramente organizar o negócio, desde incluir um sistema na gestão da propriedade, separar despesas de família e negócio, dentre outras necessidades.

Profissionalizar é diferente de organizar. Muitos negócios familiares acabam permanecendo na zona de conforto que a organização proporciona e se esquecem de quão necessário se faz a governança, os acordos, protocolos e normas, principalmente para colaborar com uma tomada de decisão mais assertiva.

A organização é de extrema importância para qualquer negócio, mas pensando na perpetuação, devemos ir além.

Abaixo, listo 05 dicas para que as famílias possam iniciar o processo de profissionalização:

01 – Não firme seus valores em pessoas

Pessoas vem e vão do negócio, e se você não tiver os processos desenhados e instalados, quando alguém deixa a empresa, leva consigo toda a orientação a respeito de uma função ou atividade.

Desta forma, é ideal que seja gerada confiança nas estruturas. Ter uma política de gestão de pessoas, ter fluxogramas desenhados das atividades desempenhadas, código de ética e conduta, desenho de cargos, enfim, tudo que possa ser transmitido para os demais e que reforcem o que exatamente a empresa realiza e a forma com que acredita dar certo.

02 – Estabeleça regras no negócio antes que sejam necessárias

Estruturar com calma o processo de implantação da governança evita que muitos conflitos possam vir a existir. Quando não precisamos impor regras, é muito mais fácil ter adesão da família e de toda a equipe. Como funciona o seu negócio? Como deve ser a conduta da família dentro dele? Como são realizadas a contratação, remuneração, desligamento de familiares? Para todas estas perguntas, temos o Protocolo Familiar, um instrumento celebrado entre os membros da família e colabora para reforçar o legado, valores e para nortear o processo de sucessão.

03 – Entenda e defina o papel de cada um nas três esferas que compõem a sucessão

Organizar pessoas, alçadas, responsabilidades e direitos é algo que colabora muito com a profissionalização do negócio. Se cada um entender o seu lugar, mesmo que ele se sobreponha nas esferas da Família, Propriedade e Gestão, é muito mais fácil o processo de tomada de decisão e para a realização de todos os alinhamentos de expectativas.

04 – Crie um ritual de reuniões

Muitas empresas, por serem familiares, acabam realizando discussões e debates informalmente.

É interessante criar um ritual de reuniões, com datas fixadas na agenda de cada participante, com projetos a serem aprovados, pauta, convocação e registro em ata.

Tudo isso colabora para que, de fato, sejam discutidas estratégias e não demandas operacionais que podem ser solucionadas por outros colaboradores.

Criar este ritual impõe respeito, e faz com que todos sejam ouvidos, mesmo a geração mais nova, que muitas vezes sente dificuldade de se inserir nas tomadas de decisão.

Um regimento bem elaborado, com percentual de votos de cada membro, cronograma de reuniões, cronograma de implantação da governança, fazem com que o Conselho Gestor seja um instrumento valioso na profissionalização do negócio.

05 – Capacite os membros da família e do negócio

A capacitação de todos os envolvidos deve ser constante, mesmo que sejam apenas herdeiros.

Entender do negócio, dos números e dos resultados é uma obrigação de todos os envolvidos. Para isso, realizar uma reunião para prestar contas, reforçando um dos pilares da governança, que é a transparência, se torna de grande valia.

O amadurecimento da família e a profissionalização da gestão são primordiais para a continuidade, principalmente quando a empresa já estiver na transição das gerações de sociedade de irmãos e consórcio de primos, onde a governança se torna uma questão de sobrevivência para o negócio.