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Artigo: Uma visão jornalística do agro em 2021. O que esperar em 2022?

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O Gigante 163 convidou diversos especialistas, produtores e influenciadores para colaborar com conteúdos que interessam os nossos leitores – profissionais do agronegócio. Referência no tema de jornalismo do agronegócio, Lilian Munhoz faz uma retrospectiva  do ano que está terminando, e o que se pode esperar do agro em 2022.. Encontre outras matérias de convidados aqui, e aproveite o artigo da Lilian abaixo. 

Por Lilian Munhoz para o Gigante 163. Lilian é jornalista, apresentadora Canal Terraviva e Agromais

Pandemia, altos custos de produção, problemas logísticos, economia lenta e crise energética. Quando pensamos nos principais desafios do agronegócio em 2021, uma grande lista vem à nossa mente. Mas é fato que o ano termina também de forma muito positiva. Afinal, a demanda mundial por alimentos segue crescente e o Brasil assume cada vez mais a liderança no fornecimento de proteínas, grãos e fibras. São 170 países que compram diversificados produtos do agro brasileiro e isso é motivo de grande orgulho para todos nós.

Se dentro da porteira temos cada vez mais aumento de produtividade, fora da porteira o desafio ainda é grande em relação a logística e infraestrutura. Nossas estradas melhoraram, isso é fato – não tivemos mais aquelas típicas cenas de começo de ano que víamos há alguns anos quando caminhões enfileirados carregando soja ficavam parados na BR 163 esperando os atoleiros diminuírem. Melhoramos muito nesse sentido, mas ainda há situações que fogem do nosso controle. Em 2021, tivemos falta de contêineres e o frete marítimo assustou. Em todas as partes do mundo, quem precisou transportar mercadorias enfrentou dificuldades. As taxas de frete, que já dobraram em 2020, registraram aumento adicional de 50% ao longo deste ano e, para 2022, especialistas preveem que a média de aumento fique entre 50 e 100%.

O que falar da crise energética que vimos em 2021? Brasil, China e Europa enfrentaram situações complicadas. Na China, apagões devido à falta de carvão, principal fonte energética. Na Europa, os preços do gás natural subiram fortemente, gerando risco de escassez. E por aqui, a crise hídrica trouxe incertezas sobre possíveis apagões e, como se não bastasse, prejudicou algumas culturas agrícolas.

Na esteira das crises de energia, vivemos também uma forte alta no preço dos combustíveis, encarecendo ainda mais o custo de produção do agronegócio. Com o dólar nas alturas durante todo o ano – alta de ao menos 10%, ficou ainda mais caro para o produtor rural produzir a próxima safra. Na dependência das importações de insumos, mais um cenário de incertezas quando fornecedores importantes como Rússia e China limitaram as vendas.

Mas apesar de tudo, chegamos ao fim de 2021 com muitas comemorações. Exportamos como nunca. De janeiro a outubro deste ano, o agronegócio brasileiro movimentou US$ 102,4 bilhões com exportações, superando o recorde anterior registrado em 2018, de US$ 101,2 bilhões.

O Produto Interno Bruto do agro deve fechar 2021 com crescimento de 9,4% segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em 2020, o PIB do agro alcançou R$ 2 trilhões, e, neste ano, o montante deve ganhar um incremento de R$ 188 bilhões.

E nos campos brasileiros, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de grãos da safra 2021/22 irá atingir 291 milhões de toneladas, um destacado crescimento de 14,8% frente à temporada passada. Se o clima colaborar, teremos 37 milhões de toneladas de grãos a mais.

Para 2022, apesar do cenário de incertezas que teremos por conta das eleições de outubro, podemos confiar no agronegócio, que segue cada vez mais tecnológico e com práticas sustentáveis que merecem ser divulgadas.

Como jornalista do agro há 12 anos, me admira ver o crescimento e desenvolvimento do setor na última década. Sei que ainda há muito a percorrermos, para que cada vez mais consigamos ter uma igualdade de oportunidades para pequenos, médios e grandes agricultores, mas o fato é que o agro é um setor apaixonante, que nos abraça e nos faz ter orgulho do nosso país, onde “em se plantando tudo dá”, expressão utilizada na Carta escrita em 1º de maio de 1500 por Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel.