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Clima afeta saúde de 70% dos trabalhadores

Clima afeta saúde de 70% dos trabalhadoresPaíses mais afetados por calor extremos são os mais pobres. Foto: Reprodução/CNA

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Por André Garcia

Pelo menos 2,4 bilhões de trabalhadores, ou cerca 70% da força de trabalho mundial, estão expostos aos impactos diretos e indiretos das mudanças climáticas. É o que destaca relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao apontar que os principais prejudicados são aqueles que atuam ao ar livre, como no caso dos trabalhadores rurais.

De acordo com o estudo, publicado na segunda-feira, 22/4, a cada ano são registradas 22,8 milhões de lesões causadas pelo calor extremo. Os números foram obtidos a partir da análise de dados de 2020 e mostram uma alta de 5% nas últimas duas décadas. Os especialistas destacam que estes resultados podem ser subestimados

“Exposições ocupacionais nem sempre são reconhecidas ou notificadas. Além disso, nem sempre é fácil distinguir uma doença causada pelo trabalho, por exemplo, em um campo de arroz, ou quando se descansa em uma área próxima”, diz trecho do relatório, citado pelo Observatório do Clima.

Em geral, os países mais afetados pelas altas temperaturas apresentam taxas elevadas de pobreza, emprego informal e agricultura de subsistência. Como já mostramos, o cenário traz impactos como a exaustão, cãibras, erupção cutânea, doença cardiovascular e doença renal crônica.

Os riscos existem porque a temperatura para o funcionamento normal do corpo é em torno de 37 °C. Uma temperatura corporal acima de 38 °C prejudica as funções físicas e cognitivas. Acima de 40,6 °C, os riscos de danos aos órgãos, perda de consciência e, em último caso, morte aumentam.

Além disso, a radiação ultravioleta emitida pelo sol contribui para mais de 18,9 mil mortes de trabalhadores todos os anos por causa de câncer de pele.

Adaptação frente à crise climática

O relatório leva em consideração ainda as mortes de trabalhadores ocasionadas por eventos climáticos extremos (2,06 milhões), poluição do ar (860 mil), doenças transmitidas por vetores, como chagas, dengue e febre amarela (15,1 mil) e agrotóxicos (300 mil).

“É evidente que as mudanças climáticas já estão criando riscos adicionais significativos para a saúde dos trabalhadores”, diz Manal Azzi, chefe da equipe de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT, ao defender que a saúde e a segurança no trabalho façam parte das medidas de mitigação e adaptação contra os impactos da crise climática.

Proteção

Todo esse estresse térmico pode ser intensificado por outros fatores, como a umidade do ar, uso de roupas pesadas, duração e intensidade de esforço físico. Por isso é preciso tomar cuidado.

É recomendado que durante a exposição ao sol sejam usados filtros com FPS 15 ou mais e que protejam também contra os raios UV-A. Os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados a cada duas horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas.

Recentemente, em entrevista ao Gigante 163, a pneumologista Daniela Campos, também destacou a importância do uso de chapéus, guarda-sóis, óculos escuros, e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre.

“As empresas devem estar atentas a estes cuidados e reforçá-los junto aos trabalhadores. O que elas podem fazer é fornecer lanches mais leves e incentivar uma alimentação mais adequada. Embora não seja recomendado fazer refeições muito pesadas, também não é bom ficar longos períodos sem comer nada”, afirma ela.

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