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COP28: Pasto é maior vetor de desmate da Amazônia na América do Sul

COP28: Pasto é maior vetor de desmate da Amazônia na América do Sul

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Por André Garcia

A abertura de novas áreas de pasto tem sido o principal vetor de desmatamento da Amazônia em todos os países da América do Sul. No Brasil, que responde por 61,9% dos 844 milhões de hectares do bioma, a área coberta por vegetação florestal nativa sofreu a maior redução: 14%, ou 71 milhões de hectares, entre 1985 e 2022.

A perda líquida de florestas no País foi de 67,4 milhões de hectares (15,2%) no período, segundo dados que integram a Coleção 5.0 – MapBiomas Amazonía. Os números  foram apresentados nesta sexta-feira, 8/12, durante a 28ª. Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP-28), que está acontecendo em Dubai.

As imagens de satélite mostram claramente que a conversão de florestas em pastagens é mais forte no Brasil – notadamente no Arco do Desmatamento, que vai do Pará ao Acre, passando por Mato Grosso e Rondônia e entrando pelo sul do estado do Amazonas.

O mesmo se observa no oeste da Amazônia na Colômbia e Venezuela. Na Bolívia, o desmatamento abriu uma grande área agrícola no departamento de Santa Cruz, no sul da bacia amazônica. Enquanto no Peru, predominam outros padrões de uso, que são constituídos por uma associação heterogênea de áreas agropecuárias.

Dos 86 milhões de hectares de vegetação natural desmatados no território analisado, 84 milhões foram convertidos em áreas agropecuárias e de silvicultura, com destaque para pastagem, que ocupa 66,5 milhões de hectares da área devastada nos últimos 38 anos, ou 77% da área desmatada.

Áreas para a agricultura, por sua vez, cresceram 19,4 milhões de hectares. Ao todo, os usos antrópicos da terra na Pan Amazônia em 1985 respondiam por 51 milhões de hectares, ou 6% do bioma. Em 2022, já eram 136 milhões de hectares, ou 16% do total. Isso representa um crescimento de 85 milhões de hectares, ou 169%, no período.

Mineração

Paralelamente ao avanço da agropecuária, é possível constatar um potente avanço de atividades minerárias, que cresceram 1367% entre 1985 e 2022, atingindo meio milhão de hectares. Outra mudança notável no período é a retração de 48% dos glaciares na região, decorrente do aquecimento global agravado pelo desmatamento.

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