Por André Garcia
O cerco ao desmatamento ilegal levou à aplicação de R$ 4,1 bilhões em multas ambientais, embargos sobre mais de 560 mil hectares e responsabilização direta de frigoríficos, bancos e propriedades rurais entre agosto de 2024 e maio de 2025. Os dados foram divulgados na sexta-feira, 6/5, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Com a intensificação das ações do Ibama e ICMBio houve redução das áreas desmatadas nos principais biomas do País. Entre agosto de 2024 e maio de 2025, a Amazônia teve queda de 30,6% no desmatamento em relação ao período anterior. No Cerrado, a redução foi de 25,7%, e no Pantanal, de 74%.
O trabalho incluiu fiscalizações específicas sobre o financiamento ilegal a desmatadores. A Operação Carne Fria 2, por exemplo, investigou 69 propriedades e multou 23 frigoríficos, totalizando R$ 364,5 milhões em penalidades. Cerca de 8.854 unidades de gado foram apreendidas. Já a Operação Caixa Forte resultou na autuação de três instituições financeiras, com R$ 3,63 milhões em multas.

Crédito: MMA
A atuação foi apoiada por seis bases operacionais em estados da Amazônia Legal: Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Além disso, a fiscalização remota — por satélite — também gerou embargos em áreas desmatadas ilegalmente em anos recentes, principalmente nos municípios críticos da Amazônia. Em paralelo, os órgãos de controle emitiram notificações para impedir a ocupação dessas áreas, medida prevista em lei.
Fiscalização nos biomas
Na Amazônia, os números são os mais expressivos: 18.964 ações de fiscalização, 5.002 autos de infração e R$ 3,1 bilhões em multas aplicadas. Também foram lavrados 3.637 termos de embargo, além de 2.177 termos de apreensão e 753 termos de destruição. Ao todo, 560,6 mil hectares foram embargados por infrações relacionadas à flora, e 9 mil notificações foram emitidas com foco na prevenção de incêndios florestais.

Crédito: MMA
Já no Cerrado, a fiscalização resultou em 737 autos de infração e R$ 578 milhões em multas ambientais. Foram lavrados 455 termos de embargo, 376 termos de apreensão e 77 termos de destruição. Entre os bens confiscados, o total estimado chega a R$ 54,9 milhões. Também foram registradas 370 notificações relacionadas a medidas de proteção contra o fogo, além de 20 ações civis públicas.
No Pantanal, o relatório aponta a emissão de 57 autos de infração relacionados à flora, com R$ 430 milhões em multas. Além disso, foram aplicados 36 termos de embargo, 19 termos de apreensão e 4 termos de destruição. As ações também resultaram em R$ 555 mil em bens apreendidos e 3.297 notificações sobre medidas preventivas contra incêndios.
Fiscalização deve ganhar mais força
Apesar da melhora nos índices entre 2024 e 2025, a destruição voltou a subir em maio, indicando que uma postura ainda mais firme deve ser assumida em áreas críticas nos biomas. De acordo com o levantamento do INPE, em maio de 2025, o desmatamento na Amazônia chegou a 960 km², uma alta de 92% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Na última semana a, o Governo Federal anunciou a destinação de R$ 825,7 milhões do Fundo Amazônia para o Ibama executar um projeto de fortalecimento da fiscalização contra o desmatamento. Além disso, em abril concurso para 460 novos servidores do Ibama, e cerca de 100 devem ser alocados na fiscalização até o fim deste ano.
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