HomeEcologia

Incêndio no Parque Cristalino II começou em área recém-desmatada

Incêndio no Parque Cristalino II começou em área recém-desmatadaÁrea atingida pelo fogo alcançava mais de 800 hectares. Foto: Reprodução

Incêndio no Cristalino II pode ter sido causado por aeronave, diz delegado
Efeitos de desmate químico podem ser sentidos em até 50 anos
Estado aplica R$ 44,9 milhões em multas ambientais durante Operação Amazônia no Araguaia

O Parque Cristalino está em chamas. Neste final de semana, um incêndio foi identificado na área da Unidade de Conservação, localizada entre Novo Mundo e Alta Floresta, no norte de Mato Grosso. Desde domingo, 14/8, uma equipe do Corpo de Bombeiros atua na região. As proporções e os danos à fauna e flora ainda não foram divulgados.

De acordo com reportagem do G1, a corporação informou que o fogo está controlado e o levantamento inicial aponta que o incêndio se deu a partir de uma queimada não autorizada em uma propriedade particular. Comunicou ainda que equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e a Polícia Judiciária Civil já estiveram no local e deverão notificar os responsáveis.

O Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT) informou que, até domingo, a área atingida pelo fogo alcançava mais de 800 hectares – o equivalente a 97 campos de futebol – e que imagens de satélite mostram que o fogo começou em área recentemente desmatada, entre junho e julho.

De acordo com a Rede Nacional Pró-unidades de Conservação, com as imagens de drone feitas para avaliar o incêndio, foi possível identificar 73 hectares de desmatamento dentro da área de preservação.

“Corrida em cima do parque”

Vale lembrar que o parque vive um imbróglio jurídico. A Justiça havia decretado a extinção da unidade, mas o Ministério Público recorreu da decisão, alegando que não havia sido intimado e, assim, houve violação do Código de Processo Civil e da Constituição Federal.

“A partir do momento que saiu a decisão transitada em julgado, no final de abril, houve aumento no desmatamento na região. Como tem essa situação legal muito complicada, existe um risco concreto à unidade de conservação”, diz Ângela Kuczach, diretora da Rede Nacional Pró-unidades de Conservação.

Ela afirma que com a divulgação da extinção do parque pela Justiça houve “uma corrida para cima do parque”, com dez pedidos protocolados para exploração mineral no local, em área de 75 mil hectares.

“É uma das áreas mais preciosas que o País tem. Para a Amazônia, é uma das áreas mais especiais para a biodiversidade”, disse a diretora ao G1.

Segundo ela, outras ameaças ao parque são a extração de madeira, a caça e a grilagem de terras.

“Qualquer tentativa de invasão, de garimpo, desmatamento e incêndio é crime ambiental e passível da lei. O Cristalino continua sendo um parque e precisa ser respeitado. Enquanto está este imbróglio judicial, uma série de organizações está monitorando para que a gente tente salvar o que resta do parque e da biodiversidade”.

Território monitorado

Em nota enviada ao G1, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) informou que todo o território de Mato Grosso é monitorado por satélites de alta resolução que mostram alertas de desmatamento em tempo real. Disse, também, que faz operações frequentes nas unidades de conservação e entorno para coibir crimes ambientais e autuar em flagrante, apreender maquinário e proceder com a responsabilização administrativa e criminal.

Acrescentou que denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 065 3838.

Sobre o Parque

O Parque Estadual do Cristalino é uma das últimas Unidades de Conservação (UC) ao norte de Mato Grosso, possui mais de 118 mil hectares e abriga centenas de espécies da fauna e flora amazônica, incluindo espécies raras e outras em extinção, segundo o Formad.

LEIA MAIS:

Saiba quem é a ‘maçã podre’ do agro que tenta extinguir o Parque Estadual Cristalino II

Entidades protestam contra extinção do Parque Cristalino II

Justiça reabre processo e mantém Parque Estadual do Cristalino II