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Leilão pode arrecadar R$ 10 bi para recuperar áreas degradadas

Leilão pode arrecadar R$ 10 bi para recuperar áreas degradadasFoto: Gustavo Bayma/Embrapa

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O Governo Federal lançou nesta segunda-feira, 28, o 2º Leilão Eco Invest, com o objetivo arrecadar R$ 10 bilhões para projetos de recuperação de terras degradadas, transformando essas áreas em sistemas de produção sustentáveis. A coordenação do leilão envolve os Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A meta principal desta fase do programa é a recuperação de 1 milhão de hectares de terras degradadas nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. O bioma Amazônico, devido às suas particularidades, será contemplado em um leilão específico nos próximos meses, conforme informações governamentais.

O desafio é grande: de aproximadamente 280 milhões de hectares destinados à agropecuária no Brasil, 165 milhões são de pastagens, das quais 82 milhões apresentam algum grau de degradação. O governo estabeleceu a meta de recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens nos próximos dez anos e, para alcançar esses objetivos, o MAPA está buscando a captação de recursos junto a investidores internacionais e países com interesse em desenvolvimento sustentável.

“Podemos praticamente dobrar a área de produção de alimentos no Brasil sem desmatar, evitando a expansão sobre áreas de vegetação nativa. É uma grande oportunidade para captar investimentos internacionais e contribuir com a segurança alimentar e nutricional do planeta”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Estudo recente mostrou que o Cerrado brasileiro pode dobrar sua produção agrícola sem derrubar uma única árvore e ainda gerar até US$ 100 bilhões até 2050.

Os recursos obtidos serão direcionados a produtores rurais, cooperativas e empresas vinculadas às cadeias produtivas, como fabricantes de bioinsumos, empresas de tecnologia agrícola, frigoríficos, processadoras de alimentos, usinas de biocombustíveis e traders.

Para que os projetos recebam o dinheiro, eles precisam seguir regras ambientais bem rigorosas. Isso inclui acompanhar sempre o impacto no meio ambiente, medir a quantidade de gases de efeito estufa produzidos, verificar sempre a qualidade do solo e aumentar a quantidade de árvores e plantas nas áreas.

Além disso, os bancos que participarem do leilão terão que usar pelo menos metade do dinheiro que eles investem para ajudar a produzir alimentos, principalmente carne lavouras. Eles também terão que dar atenção especial para ajudar a recuperar a Caatinga.

O modelo financeiro adotado para o leilão é o de financiamento parcial (Blended Finance), no qual os recursos públicos do Eco Invest atuarão como um catalisador para atrair investimentos privados. Cada proposta será avaliada com base no nível de alavancagem proposto e no volume de hectares a serem recuperados, sendo estabelecido um valor mínimo de R$ 100 milhões por proposta.

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