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Quase 70% do desmatamento no Cerrado em MT ocorre em áreas privadas

Quase 70% do desmatamento no Cerrado em MT ocorre em áreas privadas

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Por André Garcia

Áreas privadas concentram 67% do desmatamento do cerrado em Mato Grosso. Do total da área desmatada no bioma no Estado, 26.349,06 hectares dizem respeito a áreas de Cadastro Rural Ambiental (Car), enquanto 4.299,97 ha correspondem a assentamentos, outros 4.125,44 a Terras Indígenas (T.Is) e 3.878,2 ha  a vazios fundiários.

Os números fazem parte do novo Relatório do SAD Cerrado Sistema de Alerta de Desmatamento (Sad) Cerrado do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). De acordo com o sistema, que considera o período de 1 de janeiro a 31 de julho de 2022, as áreas privadas representaram 78,9% do desmatamento no bioma em todo o país.

A plataforma aponta ainda que, em Mato Grosso, o total de alertas é de 4.192, enquanto a área total de alertas é de 38.857 hectares. No cenário estadual, Paranatinga, Rosário Oeste e Ribeirão cascalheira lideram o ranking de municípios com maior número de alertas de desmatamento do Cerrado, com 309, 262 e 220 avisos respectivamente.

Quando se trata das cidades com as maiores áreas de alertas, a lista é encabeçada por Comodoro (3.024,63 ha), Campos de Júlio (2.768,43 ha) e Paranatinga (2.747,53 ha).

“Devido à heterogeneidade das paisagens e à sazonalidade da vegetação, o monitoramento do desmatamento no Cerrado sempre foi muito desafiador. Áreas de vegetação nativa exuberantes na época de chuva podem perder todo o seu vigor na seca, se assemelhando a áreas desmatadas”, afirma Juan Doblas, pesquisador no IPAM responsável pelo SAD Cerrado.

Além disso, segundo ele, as áreas afetadas pelas frequentes queimadas no bioma podem ser confundidas com desmatamento. “Nesse contexto, o uso de inteligência artificial e imagens de satélite de alta resolução permitem detectar áreas desmatadas com maior detalhamento e acurácia”, disse.

Números totais

O SAD Cerrado detectou mais de 50 mil alertas em 2022, totalizando 472,8 mil hectares desmatados até o dia 31 de julho. Somente no último trimestre, houve um aumento de 15% na área desmatada no bioma em relação ao mesmo período do ano passado: foram 291,2 mil hectares derrubados, entre maio e julho de 2022, contra 253,4 mil hectares desmatados nesses mesmos meses de 2021.

A velocidade média do desmatamento foi de mais de 2 mil hectares por dia e a maior parte da área de supressão está localizada em savanas, com 69,2% da área desmatada. As áreas privadas representaram 78,9% do desmatamento no bioma.

O sistema revelou uma maior concentração de áreas desmatadas no Maranhão, que acumula 26,4% de todo o desmatamento detectado no bioma em 2022, o que equivale a 124,7 mil hectares. O Tocantins apresentou a segunda maior área de alertas, totalizando 108,7 mil hectares, a maior parte deles na região norte do estado, em áreas de expansão do cultivo de soja.

Durante a apresentação do sistema explicou que estes números vêm superando os de áreas onde, historicamente, o desmatamento do bioma sempre foi maior, como em Mato Grosso e Goiás.

O SAD Cerrado

Com algoritmos avançados para detecção de desmatamento, o Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) será lançado em plataforma virtual aberta nesta segunda-feira, 12, pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com a rede MapBiomas e com o Lapig (Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento), da UFG (Universidade Federal de Goiás).

O IPAM é responsável pelo desenvolvimento da tecnologia que funciona por meio de inteligência artificial e utiliza imagens do satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, com resolução de 10 metros.

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