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Agro faz Brasil crescer mais que China no primeiro trimestre

Agro faz Brasil crescer mais que China no primeiro trimestreÉ preciso proteger as bases que sustentam esse crescimento. Foto: Secom-MT

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Por André Garcia

A atividade agropecuária foi responsável por mais um milagre: no primeiro trimestre de 2025, o Brasil cresceu mais que a China. Aliás, não só a China: o crescimento do PIB brasileiro, que avançou 1,4% entre janeiro e março, ficou à frente de economias como Alemanha, Reino Unido e Japão. Os economistas são unânimes ao apontar o agro — que cresceu 12,2% no período — como o motor responsável por este bom resultado.

Divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (30/5), os dados mostram que, em relação ao trimestre anterior, a agropecuária garantiu produtividade recorde em cultivos como soja (13,3%), milho (11,8%) e arroz (12,2%).

Enquanto a indústria patinou (-0,1%) e os serviços cresceram apenas 0,3%, foi o campo que segurou a economia. “A indústria é a única das grandes três atividades econômicas que ainda está no patamar abaixo do pico”, explicou à Agência Brasil a pesquisadora do IBGE, Rebeca Palis.

A rentabilidade no agro também foi beneficiada pela valorização do dólar e pela disputa comercial entre China e Estados Unidos, que aumentou a procura internacional por commodities brasileiras. Por motivos como esses, a consolidação da atividade como motor da economia brasileira traz novas responsabilidades ao Governo Federal.

Mais do que o Plano Safra, será preciso proteger as bases que sustentam esse crescimento — e isso passa, inevitavelmente, pelo clima. Segundo previsões recentes, o mundo ficará 1,5 C mais quente nos próximos 5 anos. É preciso que o governo priorize ações para assegurar a produtividade e a estabilidade econômica. Ou o Brasil pode perder competitividade justamente onde é mais forte. Afinal não há trator nem fertilizante que possam reverter os estragos climáticos.

Por seca, calor extremo e chuvas fora de época, os estragos climáticos geraram prejuízos ao agro. Entre os fatores que desestabilizam o clima no Brasil está o desmatamento na Amazônia, que caiu 16,8 em 2024, mas que poderá voltar a avançar se a bancada que se diz representante dos interesses dos produtores continuar apoiando projetos contrários aos interesses de quem produz.

Outra questão urgente é separar quem produz de quem especula. Grileiros e desmatadores ilegais, travestidos de produtores rurais, continuam comprometendo a imagem do setor no Brasil e no exterior. Se o agro carrega o País nas costas, não pode continuar aceitando políticas que não tem nada a ver com a realidade do campo.

Sozinho, o setor respondeu por 7,7% do crescimento do PIB no trimestre. E o fez respeitando as leis ambientais mais rigorosas do mundo. Isso mostra preparo para encarar um fato incontornável: sem estabilidade climática, não há produção em larga escala. E sem produção, a economia pode até continuar girando, mas será no tranco.

 

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