HomeProdutividade

Cresce presença feminina no setor agropecuário brasileiro

Cresce presença feminina no setor agropecuário brasileiro

UE vai taxar importações com base em emissões de gases
População ocupada no agronegócio chega ao maior número desde 2015
Sorriso lidera produção agrícola nacional, pela terceira vez consecutiva

As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaços em áreas que anteriormente eram exclusivas do sexo masculino. O agronegócio é uma delas. Dados do último Censo Agro, realizado pelo IBGE  (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2017 e divulgado em 2019, demonstram isso.

Segundo o estudo, o número de mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais corresponde a 19% no país, com 946.075 unidades de um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários – trata-se de um crescimento de 38% em relação ao Censo de 2006, indicando uma tendência de alta que pode se repetir nos próximos levantamentos.

Um das pioneiras no setor, Teka Vendramini, primeira mulher a presidir a Sociedade Rural Brasileira (SRB), falou sobre o crescimento da participação feminina no Agro, no Agrishow Experence, nesta semana.

“Sobre as mulheres que estão se formando, se qualificando para virem (para o agro), eu queria dizer uma frase que é a seguinte: ‘com as mulheres no poder, as meninas voltam a sonhar’. Então, meninas, estou esperando vocês”.

Pecuarista e socióloga, Teka é a terceira geração de sua família a atuar no agronegócio. Ela trabalha com melhoramento genético, qualidade de pastagem e bem-estar animal e está na lista “100 Mulheres Poderosas do Agro”, que a revista “Forbes” divulgou no último final de semana.

Com atuação em várias áreas, a seleção feminina da revista de economia contempla advogadas, pecuaristas, biólogas, pesquisadoras, veterinárias, entre muitas outras profissões, embora o Censo Agro demonstre que 50% das atividades econômicas das administradoras estão relacionadas à pecuária e criação de outros animais, 32% à produção de lavouras temporárias e 11% à produção de lavouras permanentes.

A diversidade de atuações revela que as mulheres estão presentes na produção de alimentos , na academia, na pesquisa, nas empresas, em foodtechs, em consultorias, em instituições financeiras, na política, nas entidades, nos grupos de classe e, evidentemente, nas redes sociais.

Do nosso Estado, a “Forbes” destacou a pecuarista Carmen Perez, a advogada Emanuele de Almeida, a zootecnista Fernanda Macitelli Benez e a produtora de soja Norma Rapelotto Gatto.

A revista evidencia a militância de Carmen Perez na causa de bem-estar animal. Segundo a revista, ela lança ainda neste mês de outubro o documentário  “Quando ouvi a voz da terra”, no qual mostra os caminhos para a transformação das propriedades rurais, das pessoas e das relações estabelecidas no manejo pecuário.

Como presidente do Indea-MT (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso ), um dos organismos de controle sanitário mais importantes do país por monitorar o maior rebanho bovino brasileiro (30,9 milhões de animais),  Emanuele de Almeida não poderia ficar de fora da lista das “poderosas do agro”.

Fernanda Macitelli Benez é destaque por seu papel também de defesa do bem-estar animal e como educadora, uma vez que ela é orientadora de teses na Universidade Federal de Mato Grosso e fiel discípula de grande nome da ciência, o professor Mateus Paranhos.

Já Norma Rampelotto Gatto, como afirma a revista, “não comanda entidades, não é pesquisadora e nem ganhou algum prêmio espetacular”.  Ela está na lista por ter  transformado as três propriedades em referência de gestão e produção, após a morte do marido. Norma é uma das 947 mil mulheres que, segundo o IBGE, comandam sozinhas fazendas por todo o país.

Setor de macho

“Para a mulher no agro, a maior dificuldade é ter credibilidade, sendo necessário provar o tempo todo que você é capaz e que sabe o que está fazendo. É necessário apostar na qualificação profissional, além de participar de palestras, seminários e cursos. Assim, com resiliência e perseverança, a presença feminina no setor agropecuário brasileiro deve crescer ainda mais e ‘mostrar a que veio’”, afirma Mônica Marchett.

Empresária do ramo agropecuário especializada em melhoria genética e criação extensiva de nelores, Marchett destaca que as mulheres que atuam no agronegócio têm de saber lidar com uma série de desafios, considerando o cenário predominantemente masculino.

Ela, porém, acredita que a participação feminina tende a crescer cada vez mais no setor agropecuário brasileiro.

“As transformações na forma de gestão do agronegócio e a expansão da tecnologia são alguns dos elementos responsáveis pelo maior interesse das mulheres no mercado agropecuário. E isto deve se intensificar, consoante com o salto tecnológico que veio com a crise sanitária e a busca por novos caminhos na vida profissional de muitas mulheres”, diz.

No Mundo

Em nível mundial, a presença feminina no agro chega a 43% da força de trabalho rural, conforme dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, na sigla traduzida para o português.

A agência da ONU também indicou que, atualmente, 60 milhões de mulheres trabalham no campo na América Latina e Caribe, sendo responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na região.

Para mais informações, basta acessar: https://monicamarchett.com br/

Website: https://monicamarchett.com.br/

Com informações do Estadão Conteúdo