A China, principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, intensificará a fiscalização sobre a origem do produto a partir de 2025. Segundo o Globo Rural, a informação foi confirmada pela coordenadora de rastreabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Danielle Schneider, durante evento em Cuiabá.
De acordo com a executiva, a exigência de rastreabilidade completa, desde o nascimento do animal até o abate, já consta nos protocolos comerciais entre os dois países, mas nunca havia sido efetivamente cobrada pelos importadores chineses.
“O que o Ministério da Agricultura nos informou é que a China vai cobrar, sim, a rastreabilidade”, afirmou Schneider.
A mudança, segundo a Abiec, deve ocorrer ao longo dos próximos dois anos, com o estabelecimento de protocolos próprios de rastreabilidade.
“Diferentemente da Europa, a China não está cobrando informação referente a desmatamento, somente rastreabilidade. Mas, ao fazer isso, sabemos que o próximo passo é entrar na mesma linha”, reconheceu Schneider.
Um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais e da Fundação Getúlio Vargas, realizado com apoio da ONG americana The Nature Conservancy, revela que os consumidores chineses estariam dispostos a pagar até 22,5% a mais por carne bovina brasileira proveniente de áreas de desmatamento zero.
A partir de janeiro de 2025, Brasil e China iniciarão as discussões para criar soluções de rastreabilidade que permitam identificar a origem de cada corte de carne.
“Estamos no começo dessa negociação”, afirmou Peng Ren, gerente de projetos da ONG chinesa Global Enviromental Institute.
A notícia da exigência de rastreabilidade total coincide com a aprovação de 38 novas plantas frigoríficas brasileiras para exportar para a China, sendo 24 delas de carne bovina. Essa é a maior quantidade de habilitações concedidas de uma só vez na história das relações comerciais entre os dois países.