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Conheça 7 iniciativas sustentáveis na Amazônia mato-grossense

Conheça 7 iniciativas sustentáveis na Amazônia mato-grossenseProjeto evita novos desmatamentos e recupera pastagens degradadas. Foto: REM-MT

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Por André Garcia

De recuperação de pastagens a criação de um sistema de compras on-line de produtos da agricultura familiar, a produção sustentável na Amazônia reforça uma rede de ações que ajudam a manter de pé a parte mato-grossense da maior floresta tropical do mundo. De mãos dadas, produtividade e sustentabilidade provam a viabilidade da exploração racional de recursos naturais, sem prejuízos à fauna e à flora.

Nos mais de 500.000 km² da Amazônia brasileira localizados em Mato Grosso, os exemplos vêm de cidades como Juara, Alta Floresta, Cotriguaçu e Querência. Nestas regiões, os projetos, executados pelo REM-MT em parceria com diversas outras instituições, contribuem tanto para a manutenção do bioma quanto para a melhora na qualidade de vida de quem vive ali.

Conheça sete deles:

 1- Pecuarista mostra que é possível produzir commodities de maneira sustentável

Quem acha que pecuarista só se preocupa em aumentar a produção bovina sem levar em conta o meio ambiente, precisa visitar a propriedade de seu Romeo Silvestre, na zona rural de Cotriguaçu. Por lá, ele trabalha firme para reflorestar a mata ciliar de um córrego que cruza a sua propriedade, mostrando que é possível produzir commodities de maneira sustentável, em harmonia com a floresta. A partir disso, a expectativa é aumentar de 3 para 10 cabeças de gado por alqueire [equivalente a 2,4 hectares].

Recentemente ele plantou diversas sementes nativas para regenerar a área e instalou cercas para impedir que o gado pisoteasse as margens do córrego. Ali está prevista a recuperação de 10 hectares, sendo 5 para pastagem e 5 para reforma. Isso inclui calagem, adubação, tratos culturais, construção de cercas, piqueteamento e outras tecnologias de manejo, como estação de monta, bem como a instalação de sistema de irrigação na área de plantação do capiaçu e silagem para alimentação do gado durante o período da seca.

Silvestre conversas com funcionários da Empaer-MT . Foto: REM-MT

2 – Certificação de soja em MT com as melhores práticas socioambientais

Produtor, já pensou em receber até R$ 30 mil para beneficiar sua produção com as melhores práticas socioambientais e certificação internacional? Essa é a proposta da Aliança da Terra – organização sem fins lucrativos financiada pelo REM Mato Grosso. A iniciativa  irá envolver 120 pequenos e médios produtores de soja (com área de até 15 módulos fiscais) em todo Estado. A ideia é que o produtor faça o investimento na fazenda e  receba a metade desse investimento como reembolso.

Para isso, as propriedades passarão por uma série de adequações, com objetivo de tornar a produção de soja mais sustentável em Mato Grosso.  Também integram o projeto ações de prevenção e combate a incêndios florestais nas propriedades, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) causadas pelo fogo. A meta é treinar 100 voluntários – entre produtores rurais e funcionários das fazendas – por meio da Brigada Aliança. Esta é a segunda fase do projeto, que totaliza investimentos de R$ 3,8 milhões.

 3 – Manejo sustentável das 50 espécies de árvores mais exploradas da Amazônia de Mato Grosso

Identificar melhor as espécies de árvores visando um manejo florestal sustentável e a recuperação de áreas degradadas de forma eficiente. Esse é o objetivo do curso teórico e prático de identificação botânica a 45 engenheiros florestais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). O conteúdo engloba as 50 espécies de árvores mais comercializadas na parte amazônica do Estado e tem como objetivo aumentar o volume de madeira tropical legal no mercado.

Isso porque, por meio da disseminação de boas práticas de Manejo Florestal Sustentável (MFS), será possível reduzir os erros de identificação nas atividades de exploração florestal, garantindo a conservação de espécies como cedrinho, cupiuba, itaúba, jatobá e garapeira. Todas elas são muito utilizadas para a construção civil, fabricação de móveis, instrumentos musicais, indústria naval, obras de infraestrutura e decoração de interiores de imóveis.

4 – Sistema de compras on-line de produtos da agricultura familiar gera renda para agricultores

O Sistema de Comercialização Solidária, Siscos, é um sistema de compras online que facilita a comercialização de produtos. O projeto, que foi desenvolvido pela organização socioambiental Instituto Ouro Verde (IOV), nasceu há pouco mais de 10 anos para apoiar a produção, comercialização e consumo de produtos da agricultura familiar na região Norte de Mato Grosso. A proposta está complementando a renda que as famílias já possuem, com lucratividade que varia entre R$ 350 a R$ 2.000 a mais por mês.

Priorizando relações de trabalho justas e harmônicas com o meio ambiente, cooperação e solidariedade, o sistema funciona atualmente em Alta Floresta, Carlinda, Nova Canaã do Norte e Colíder, beneficiando 22 famílias de pequenos agricultores. Os produtos estão disponíveis para qualquer pessoa que more em um dos municípios onde o sistema opera. Os consumidores interessados podem se cadastrar por AQUI .

Agricultor comercializa seus produtos na feira, em Alta Floresta. Foto: IOV

5 – Produtores evitam desmatamento e recuperam pastagens degradadas

Na fazenda Vale do Arinos, em Juara, 56 hectares de áreas degradadas já foram recuperados com a plantação de milho, o que tem evitado novas aberturas para pasto, e, consequentemente, novos desmatamentos da Floresta Amazônica.  O processo teve início com o diagnóstico detalhado do solo da fazenda. Com as devidas correções feitas, a semeadura do milho e de capim capiaçu foi realizada em fevereiro deste ano e a colheita ocorreu em agosto.

No caso do grão, o casal de pecuaristas Valocir e Mirian DalPiaz observaram muitos benefícios: serve de alimento para o gado, diversifica a fonte de renda, os restos culturais da lavoura enriquecem o solo e auxilia no manejo de plantas daninhas. O resultado é custo de produção de 70 sc/ha [sacas por hectare], receita líquida de 39 sc/ha e produção de 109 sc/ha em área de pastagem degradada. A proposta é que em 2023 sejam recuperados mais 40 hectares.

6 – Comunidade indígena recebe visita de monitoramento dos financiadores de programa internacional

No coração da floresta amazônica, entre os municípios de Apiacás (MT) e Jacareacanga (PA), encontra-se a aldeia Kururuzinho, do povo indígena Kayabi. A distância não é empecilho para que a comitiva formada por representantes do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW), do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS) do Reino Unido, do Programa REM MT, da GIZ e do Funbio realizassem uma visita de monitoramento na aldeia, em junho deste ano.

Em 2018, foram definidas frentes de trabalho juntos às aldeias que resultaram em 10 grandes temas envolvendo as comunidades. Assim foram propostas formas da Governança do Subprograma Territórios Indígenas (STI) do REM MT ser mais participativa e inclusiva. Algumas das medidas seriam encontros regionais e comunicação estabelecida por meio de grupos de Whatsapp.

7 – Programa de Restauro recupera áreas degradadas na Amazônia mato-grossense

A formação do Comitê Multissetorial de restauro faz parte dos objetivos do projeto do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), chamado “Agroflorestas de Querência: restauração produtiva para fortalecer cadeias produtivas sustentáveis da Agricultura Familiar”. A iniciativa faz parte da chamada de projetos do REM MT, por meio de seu Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFCPTs/REM-MT).

Uma das principais estratégias é fortalecer o viveiro municipal para que ele chegue, num período de curto a médio prazo, com a produção média de 300 mil mudas ao ano. Com essas mudas, o restauro começará por pequenas propriedades, com focos nas Áreas de Preservação Permanentes (APPs) de beiras de rio e de nascentes. Em seguida, a meta é estender a regularização ambiental – de acordo com Código Florestal brasileiro – para todo município, em áreas mapeadas pelo Comitê.

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