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Degradação de pastagens cresce na Amazônia mato-grossense

Degradação de pastagens cresce na Amazônia mato-grossenseEstudo foi realizado a partir do mapeamento das pastagens. Foto: Gustavo Bayma/Embrapa

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Por André Garcia

Um levantamento divulgado nesta segunda-feira, 26/2, pelo Instituto Centro de Vida (ICV), mostra que a degradação das pastagens na região amazônica de Mato Grosso aumentou em 123 mil hectares. A deterioração é maior nos municípios que apresentaram aumento tanto na área de pasto, quanto na de desmatamento.

O estudo tem como base dados levantados pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG) entre 2015 e 2021. De acordo com os números, o aumento das pastagens degradadas se concentra no oeste do território.

Nesta região, o destaque é Nova Bandeirantes, que aumentou sua área de pastagem em 32.430,4 ha, ou 12% em relação à área cultivada em 2015, seguida por Cotriguaçu, com um incremento de 15.390,4 ha, um crescimento de 10%.

“Os resultados apontaram uma polarização da condição das pastagens. Os municípios localizados mais a oeste em geral aumentaram suas áreas de pastagem, ao mesmo tempo que tiveram uma intensa transição de áreas para agricultura e em geral pioraram a condição de suas pastagens”, diz trecho do estudo.

Por outro lado, nos municípios localizados mais a leste do território, foi constatada redução de áreas de pastagem, enquanto tiveram uma transição de áreas para agricultura menos intensa no período e as condições de suas pastagens apresentaram resultados mais favoráveis.

Desmatamento

Tanto na região oeste quanto na região leste, nas localidades onde constatou-se a pior qualidade das pastagens, também se concentram os maiores números de desmatamento. Estes dados também são associados pelos pesquisadores a piores condições de infraestrutura de acesso.

Os municípios que mais perderam remanescentes de floresta no período foram Nova Bandeirantes 52.366,1 ha, seguido de Marcelândia 51.128,1 ha, Peixoto de Azevedo 33.819,5 ha, Apiacás 32.841,0 ha e Cotriguaçu 28.767,8 ha.

Contudo, é importante destacar que as perdas de vegetação nativa foram registradas em todos os municípios avaliados, mesmo que em diferentes proporções.

“Os desmatamentos ainda continuam ocorrendo em todo território, porém com maior intensidade nos municípios localizados nas duas extremidades (leste e oeste) onde se concentram os maiores remanescentes de vegetação nativa, os menores percentuais de área consolidada e a mais precária infraestrutura de acesso”, reforça o estudo.

Levantamento

O estudo foi realizado a partir do mapeamento das pastagens por meio de imagens de satélite pelo Lapig e posterior validação em campo com pontos amostrais. Ao todo, 271 áreas foram definidas para validação. Dessas, os pesquisadores conseguiram acessar 255, totalizando 94% do total.

O documento detalha o perfil das pastagens de 18 municípios de Mato Grosso, sendo 17 que compõem o Território Portal da Amazônia e Cotriguaçu. Para tanto, o trabalho de campo avaliou 11 características relacionadas ao manejo para determinar a condição atual das pastagens.

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