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Destruição florestal da Amazônia em áreas de responsabilidade estadual cresce 40% em MT

Destruição florestal da Amazônia em áreas de responsabilidade estadual cresce 40% em MTDiscrepância entre as taxas é uma tendência nacional. Foto: Greenpeace

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Por André Garcia

Mato Grosso foi o estado brasileiro com o maior percentual de crescimento do desmatamento da Amazônia em áreas de responsabilidade do governo estadual. O salto de 40%, registrado entre 2021 e 2022, está entre os dados levantados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e divulgados nesta quarta-feira, 18/1.

A porcentagem contrasta com o número total do desmatamento do bioma no Estado, já que, dos 1.604 km² devastados em 2022, apenas 1.9% (31 km²) era de responsabilidade do Executivo local. Entre as terras jurisdicionadas pela União, este percentual é de 76% (1228 km²), enquanto que o de crescimento do desmatamento é de 8.8%.

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que desenvolveu o SAD para monitorar a floresta via satélite, a discrepância entre as taxas representa uma tendência nacional.

Isso porque, das áreas desmatadas no último ano em todo o Brasil, 80% era de responsabilidade da União, o que equivale a 8.443 km². Nesses territórios, a devastação teve alta de 2% em relação ao ano anterior, quando foram derrubados 8.291 km².

Ou seja, mesmo respondendo por 11% do território destruído no ano passado, o que representa 1.130 km², os governos dos estados foram os que mais deixaram a devastação crescer. Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, houve um aumento de 11% no desmatamento em relação a 2021, quando foram perdidos 1.014 km².

“Isso mostra que os governos dos estados também precisam adotar ações de proteção à floresta, principalmente em relação às áreas protegidas que estão sob suas responsabilidades”, afirma a pesquisadora do Instituto, Bianca Santos.

Importante destacar que no país o restante do desmatamento ocorreu em áreas sem jurisdição (1.000 km²) e municipais (0,2 km²), que tiveram percentuais de 9% e 0,002% em relação ao total desmatado. No caso de Mato Grosso, o desmatamento em áreas sem jurisdição corresponde a 341 km², ou 21,5% do total registrado.

Acumulado

Segundo o Imazon, no ano passado, Mato Grosso e Amazonas foram os únicos estados que apresentaram aumento na destruição em relação a 2021, tanto em áreas federais quanto em estaduais, sendo os responsáveis pelo fechamento do acumulado da Amazônia em alta.

A somatória manteve o Estado como terceiro maior devastador do bioma no Brasil, atrás apenas do Pará, com 3.874 km², e do Amazonas, com 2575 km².

Em um cenário geral, a Amazônia sofreu em 2022 com o quinto recorde anual consecutivo de desmatamento. Entre janeiro e dezembro, foram devastados 10.573 km², a maior destruição em 15 anos. Isso equivale à derrubada de quase 3 mil campos de futebol por dia de floresta.

Desmatamento em áreas protegidas

Em relação às áreas protegidas, as que estiveram em situação mais crítica em 2022 foram as unidades de conservação estaduais. Nesses territórios, a devastação passou de 690 km² em 2021 para 746 km² em 2022, uma alta de 8%.

Apesar de muito pressionadas, as unidades de conservação federais e as terras indígenas registraram queda de 8% e de 21%. Porém, o desmatamento foi o segundo maior em 10 anos nas unidades de conservação federais e o quarto maior da década nas áreas indígenas. Ou seja: a devastação seguiu em patamares altos nesses territórios.

Em Mato Grosso, as Terras Indígenas (TIs) Sete de Setembro, que se estende até Rondônia, e a Kayabi, que se estende até o Pará sofreram com a derrubada de 3 km² em cada uma. Isso faz com que ocupem a nona e décima colocação no ranking das TIS mais entre janeiro e dezembro de 2022.

Lista de Municípios

Com relação aos municípios, o levantamento também aponta Colniza (1.064 km de Cuiabá) como o sexto colocado entre os 10 municípios que mais desmataram no país, sendo a líder no cenário estadual, com 340 km². A título de comparação, a área é maior que a de capitais como Belo Horizonte e Fortaleza.

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