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Investidores pressionam gigantes do mercado por desmatamento zero

Investidores pressionam gigantes do mercado por desmatamento zeroBrasil é um dos fornecedores de carne mais importantes da Tyson. Foto: Reprodução

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Os investidores estão cada vez mais exigentes quando ao meio ambiente, papel social e governança, temas que são resumidos na sigla em inglês ESG. A Tyson Foods, uma das maiores processadoras de proteína animal do mundo, vai ter uma assembleia anual agitada, principalmente por esse maior nível de cuidado exigido pelos acionistas.

Segundo publicação da AgFeed, depois de ser questionada por uma entidade que representa a Igreja Batista sobre o uso de trabalho infantil em algumas de suas plantas, a companhia já é cobrada para ter maior vigilância contra o desmatamento de florestas.

O Green Century Capital Management, um dos acionistas da Tyson, apresentou nesta sexta-feira, dia 26, uma proposta a ser deliberada na assembleia. A gestora quer que a companhia assuma o compromisso de zerar o desmatamento em toda sua cadeia de fornecedores até 2025, com verificação independente.

“Os acionistas pedem que a Tyson acelere seus esforços para eliminar o desmatamento, a conversão de vegetação nativa e a degradação de florestas na sua cadeia de suprimentos”, diz o pedido do Green Century.

No documento, um dos números mais importantes apresentados fornece uma noção mais exata desse nível de exigência por parte dos investidores quando o assunto é meio ambiente.

Com dados levantados pela ONG Carbon Disclosure Project (CDP), o Green Century afirma que em 2023, 746 instituições financeiras que têm US$ 136 trilhões sob gestão acionaram quase 15 mil empresas para fornecerem dados sobre sua atuação ambiental.

Impacto negativo

Para sustentar seu pedido, a Green Century cita diversos fatores, inclusive econômicos, que mostram a importância dos cuidados com o meio ambiente para o bom desempenho financeiro da Tyson no longo prazo.

A ONG identificou um impacto negativo potencial de US$ 80 bilhões em 211 empresas se elas não adotarem políticas para combater o desmatamento.

No mesmo estudo, a CDP afirma que os custos totais para responder aos riscos florestais são estimados em US$ 6,7 bilhões, em um universo de 267 empresas. A organização apontou ainda 182 empresas que relataram oportunidades geradas pelo combate ao desmatamento estimadas em quase US$ 51 bilhões.

Pressão atinge concorrentes

No documento, a Green Century cita o Brasil. Segundo a gestora, o País é um dos fornecedores de carne mais importantes da Tyson, e afirma que, aqui, os riscos de desmatamento provocados pela pecuária são altos.

“Empresas como JBS, Marfrig e Minerva dominam a indústria pecuária no Brasil, onde o desmatamento ligado a fornecedores indiretos prevalece e as companhias não monitoram essa cadeia indireta”, diz o documento.

No caso da JBS os sinais de resistência ao seu processo de abertura de capital em Nova York, que está em andamento, são cada vez mais frequentes.

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