HomeEcologia

Pantanal pode ter uma das piores secas de sua história neste ano

Pantanal pode ter uma das piores secas de sua história neste anoRio Paraguai sofre com a estigaem. Foto: Raphael Lopes/Agência Senado

Na FAO, ministra defende exclusão de fertilizantes em sanções
Agropecuária é responsável por quase todo o desmatamento do País
Operação Amazônia apreende máquinas e aplica R$ 5,1 milhões em multas

Em plena estação das águas, o risco é de estiagem e fogo no Pantanal. O bioma pode sofrer este ano com uma das piores secas de sua história, com consequências graves para a biodiversidade e a economia, alertam o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB).

O Rio Paraguai, espinha dorsal do bioma, atingiu o nível histórico mais baixo para esta época do ano. Nos demais rios da bacia, incluindo os importantes Aquidauana e Taquari, a situação é a mesma. Segundo especialistas ouvidos pelo O GLOBO, as causas imediatas da baixa vazão são a pouca chuva e as altas temperaturas.

Em fevereiro, em plena estação chuvosa, já há seca excepcional, o nível mais grave. O cenário deve piorar em março, segundo o diretor de Operações do Cemaden, Marcelo Seluchi.

Já o hidrólogo do SGB, Marcus Suassuna, explica que há grande probabilidade de que a seca se iguale ou supere as maiores da história, em 2021, 2020 e 1964. E lembra que este nem é o pior período do ano: o pico deve ser por volta de setembro, na estiagem.

O alerta foi dado numa reunião conjunta esta semana de representantes de agências governamentais, para que o planejamento de navegação, combate do fogo, manejo de pastagens e abastecimento de água fosse feito com antecedência. Pela hidrovia pantaneira são escoados minérios, soja e gado.

“Não podemos impedir a seca, a situação é praticamente irreversível. Mas podemos atenuar seus efeitos com planejamento adequado. Equipes de prontidão para fogo, embarque mais cedo das cargas, por exemplo”, cita Suassuna.

Seluchi diz que a previsão para o próximo trimestre é de chuvas 30% inferiores ao normal. Mesmo que elas caiam dentro da normalidade pelo resto do ano, o que os modelos meteorológicos praticamente descartam, o déficit de água não será mais compensado, adverte Suassuna.

Choveu menos da metade do esperado para o período desde setembro de 2023. O acumulado desde outubro é de 450 mm na bacia, quando o normal é de 1.100 mm. Dezembro, janeiro, fevereiro e março costumam ser os meses mais chuvosos. Intensas chuvas localizadas nas últimas semanas não têm impacto na vazão total dos rios.

“Este ano a planície pantaneira deve ficar bem abaixo do esperado de inundação, a água não chegará a todos os lugares”, diz Suassuna.

Em Ladário (MT), o nível do Rio Paraguai estava em 84 cm no dia 26 de fevereiro. A média histórica para o período é de 2,17m. Em Porto Murtinho (MS), estava em 2,12m, enquanto a média histórica é de 3,77m.

Ritmo próprio

O Pantanal tem seu próprio ritmo e ele é lento. Em média, a chuva no rio em Cáceres (MT), no Pantanal Norte, leva um mês para ser sentida na elevação do volume em Corumbá (MS), portal para o Pantanal Sul e onde se dá o fluxo mais intenso de navegação. Por isso, em boa parte da planície pantaneira, o auge da inundação ocorre a partir de maio. Este ano, a previsão é que aconteça no início de junho.

Seluchi destaca que há previsão de fogo para março e abril. Pastagens e agricultura familiar são as primeiras a sentir o impacto da seca. Quase 90% das áreas de pastagem naturais foram atingidas, segundo o Cemaden.

O índice de seca leva em conta não apenas a chuva, mas a umidade do solo e o estado da vegetação. As projeções indicam tendência de agravamento.

LEIA MAIS:

Empresário é multado em R$ 9,6 milhões por incêndio no Pantanal

Lei do Pantanal é aprovada e vai à sanção do governo do MS

Brigadistas do ICMBio salvam casas de ribeirinhos no Pantanal

Fogo volta a se tornar ameaça para pecuaristas do Pantanal

Calor intensifica queimadas no Pantanal e situação é de emergência

Mais de 18% do Parque Nacional do Pantanal consumido pelo fogo

Por que que a seca extrema no Norte do País ameaça o Pantanal?