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Pantanal teve maior área média desmatada entre biomas brasileiros

Pantanal teve maior área média desmatada entre biomas brasileirosBioma é afetado por efeitos do desmatamento no Cerrado. Foto: José Medeiros/ GCom-MT

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Por André Garcia

Além dos efeitos anunciados de uma seca extrema em breve, o Pantanal segue ameaçado pelo desmate, que alcançou uma área de 49.673 hectares em 2023. O número, que é 59,2% maior que o registrado em 2022, é acompanhado pela maior área média de perda de vegetação nativa entre todos os biomas brasileiros, de 158,2 hectares, segundo o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD).

Publicado na terça-feira, 28/5, o relatório mostra que, pelo terceiro ano consecutivo, o Pantanal apresentou a maior velocidade média de desmate, sendo 2,1 hectares/dia por evento de desmatamento. Formações florestais e savânicas respondem por 73% do desmatamento na região, onde 99% da derrubada foi realizada em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

“O desmatamento de florestas e savanas para a formação de pastagem exótica acontece em grande escala. A preservação dessas áreas florestadas e o manejo das pastagens são fundamentais para a manutenção da biodiversidade de fauna e flora, em conjunto com os sistemas tradicionais de pecuária do Pantanal”, explica Eduardo Rosa, coordenador da equipe do Pantanal do MapBiomas.

De acordo com o levantamento, o município de Corumbá (MS) responde por 60% do território do Pantanal e por metade do desmatamento registrado no bioma no ano passado. É também o quinto município que mais desmatou no Brasil em 2023. Mais da metade (52%) do desmatamento do Mato Grosso do Sul está no Pantanal, bioma que representa menos de um terço do território do estado.

Velocidade do desmatamento

Em 2023, aconteceu, pelo terceiro ano consecutivo no Pantanal, a maior velocidade média de desflorestamento, com 2,1 ha/dia por evento de desmatamento, seguido do Cerrado, com 0,43 ha/dia. Como já mostramos, tanto o desmatamento quanto a seca têm efeito em cadeia entre os biomas, uma vez que eles se abastecem mutuamente, tanto “bombeando” a água das bacias hidrográficas de um para o outro, quanto por meio dos rios voadores.

Ameaça à Bacia do Paraguai

Neste contexto, a sobreposição dos alertas de desmatamento com a base de Regiões e Bacias Hidrográficas da Política Nacional de Recursos Hídricos, traz um dado preocupantes. Conforme análise do MapBiomas, a derrubada passou de 57.137 hectares em 2022 para 88.853 hectares em 2023.

Em 2024, a bacia do Rio Paraguai chegou ao menor índice já registrado para o mês de maio na história, com média de volume de água 2,4 metros abaixo da esperada no Rio Ladário, usado como estação de referência para a medição. O número foi divulgado no dia 16/5 pelo Boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

A situação tem impactos significativos no ecossistema, nas comunidades ribeirinhas, nos estados e em todo o Brasil, com repercussão também em outros países vizinhos, em especial na Bolívia e no Paraguai, que são dependentes da hidrovia Paraná-Paraguai para o comércio exterior.

Além disso, a seca severa provoca dificuldades no abastecimento de água, limitações na navegação, e e aumenta os riscos de incêndios florestais.

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